Estadão Conteúdo - Emocionalmente abatido em razão do afastamento da presidente Dilma Rousseff determinado na manhã desta quinta-feira, 12, pelo Senado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a consultar aliados para definir a linha de atuação do PT e dele próprio na oposição ao governo Michel Temer.

LEIA MAIS: » Paulo Câmara afirma que afastamento de Dilma é uma medida “desconfortável” » Afastamento de Dilma “é um passo para o golpe”, diz grupo do Parlamento Europeu Segundo interlocutores, Lula ainda não definiu uma estratégia, mas tem dito que suas primeiras tarefas serão reforçar a direção do PT com ex-integranteS do governo, organizar as disputas por prefeituras nas eleições de outubro e manter a unidade dos movimentos sociais e sindicais reunidos em torno das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.

Na quinta, depois de almoçar com Dilma no Palácio da Alvorada, Lula teve algumas conversas em Brasília antes de retornar a São Paulo, no início da noite. » Por 55 votos a 22, Senado abre impeachment e Dilma é afastada » #TchauQuerida: Dilma é afastada e internet não perdoa; veja memes » Michel Temer assina notificação de posse como presidente interino do Brasil Uma das preocupações do ex-presidente é criar um mecanismo para incluir ex-ministros como Ricardo Berzoini e Jaques Wagner no sistema decisório do PT. “O PT naturalmente vai ter um adensamento com quadros que saíram do governo”, disse o deputado Paulo Teixeira, um dos vice-presidentes do PT.

Além disso, Lula vai se dedicar a manter mobilizados os movimentos que foram às ruas na defesa do mandato de Dilma. “Ele está muito preocupado com a unidade”, disse Raimundo Bonfim, da Frente Brasil Popular.

De acordo com aliados de Lula, o ex-presidente ainda não teve tempo para definir seus próximos passos porque dedicou as últimas semanas às tentativas de barrar o impeachment primeiro na Câmara e depois no Senado e quando toca no assunto demonstra ter mais dúvidas do que certezas. » Em discurso, Armando defende revisão da lei do impeachment » Humberto Costa diz que PT vai para a oposição, mas voltará pela porta da frente » Em seu perfil no Facebook, Dilma diz que decisão do afastamento “é golpe” Resistência Lula tem dito que o PT precisa buscar outras bandeiras além do discurso do “golpe” e da falta de legitimidade popular do governo Temer.

Uma opção seria a realização de novas eleições por meio de um projeto parlamentar ou de um plebiscito popular, mas a proposta esbarra na oposição de alguns movimentos como a Central Única dos Trabalhadores.

Setores do PT defendem que ele viaje o Brasil denunciando o “golpe”, mas o ex-presidente é reticente nas respostas. » “Estou vivendo a dor da traição e da injustiça”, diz Dilma a manifestantes » Confira como votou cada um dos senadores do Nordeste no impeachment de Dilma Em uma reunião do diretório nacional do PT, no dia 19 de abril, Lula disse que o partido foi “empurrado de volta à luta de classes” ao se referir à agenda apresentada pelo PMDB no programa “Ponte para o Futuro”. » Antes de votação do impeachment, recifenses já comemoram em Boa Viagem » Gilmar Mendes autoriza inquérito para investigar Aécio Neves por corrupção em Furnas » Mesmo afastada, Dilma Rousseff terá direito a salário integral, segurança e transporte aéreo O ex-presidente, no entanto, também tem dito que Temer não deve “abrir o saco de maldades” das medidas antipopulares enquanto o mérito do pedido de impeachment não for julgado pelo Senado e Dilma não estiver definitivamente afastada.

As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo.