Cotado para a pasta de Relações Exteriores se Michel Temer assumir a presidência, em caso de Dilma Rousseff ser afastada do cargo pelo Senado, o senador tucano José Serra (SP) começou seu discurso afirmando que iria votar pelo afastamento “Dilma não está sendo derrubada por seus adversários ou grupo de conspiradores, mas pela marcha da insensatez desde o começo do seu mandato”, afirmou. “O impeachment não é um regime de exceção e sim uma solução constitucional, aceitos pelo STF”, comentou.

Serra disse que não se podia deixar de levar em conta a grande rejeição de Dilma e que os senadores e deputados sofrem pressão das bases por seus eleitores, daí retirar o apoio ao governo Federal. “O agravamento vem da Lava Jato, inépcia, problemas na economia, desemprego, mergulho do PIB.

Tudo isto não é efeito retardado da crise de 2008.

São distorções herdadas do governo Lula e que ela agravou com suas incompetências”, disse.

Para o tucano, o que mais pesou para o desgaste de Dilma foi o estelionato depois das eleições 2014. “Eu sempre reiterei que ela não chegaria ao fim do seu mandato, com a perda de sustentação política e desnorteamento das ações políticas”. “O impeachment não representa o fim dos problemas do País, mas vai ajudar a começar a resolver os problemas do Brasil”, disse, antes de defender reforma política e partidária. “O desafio da reconstrução será árduo”, com a ajuda do Judiciário e de todos. “Mãos a obra”, pediu.

Nesta quarta-feira, o senador José Serra (PSDB-SP) já havia afirmado que um eventual governo de Michel Temer pode melhorar a situação econômica do Brasil por atenuar uma “crise de expectativas”. “Uma parte da crise brasileira se deve a expectativas ruins, profecias que se autorrealizam: você acha que algo vai acontecer e esse algo acontece pelo fato de que você acha.

Os investidores não investem porque não têm certeza sobre o futuro; se aumentar a certeza, eles vão investir, e, se investirem, melhora a situação”, disse o tucano, em entrevista TV UOL.

Serra também afirmou que o novo governo teria “cacife e bônus” por essa melhora das expectativas sobre a economia. “Mas quem poderá falar [de medidas e pelo governo] é o Michel, uma vez que assuma a posição de presidente”, ressalvou.

Saia justa Na mesma entrevista, Serra foi perguntando pela colunista da Folha Mônica Bergamo se achou acertada a provável indicação de Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda.

O tucano se negou a tecer comentários.

No ano passado, o senador disse que Henrique Meirelles foi um presidente do Banco Central, durante o governo Lula, “ignorante e comprometido com especulação cambial”. “Estou focado na votação, de fofoquinhas a gente fala mais adiante”, disse.

Quando foi questionado de novo, Serra não respondeu e deixou a entrevista.

José Serra se disse confiável de que a posição pró-abertura do processo de impeachment e afastamento de Dilma terá votação “amplamente favorável”, com chances de alcançar dois terços da Casa – número que será necessário, no julgamento final, para condenar a presidente.