Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil Por Cássio Oliveira e Wladmir Paulino Como era de se esperar, o senador Fernando Collor (PTC-AL) citou várias vezes o processo de impeachment pelo qual passou e foi afastado em 1992 e, mesmo tecendo várias críticas ao Governo Dilma não deixou claro se votará a favor ou contra o prosseguimento do rito.
Collor começou comparando o andamento do atual processo com o seu, lembrando a celeridade com que foi afastado do cargo - quatro meses . “Em 1992 em processo análogo bastaram menos de quatro meses entre a apresentação da denúncia até a decisão de renunciar no dia do último julgamento.
No atual processo já se foram mais de oito meses.
A depender do resultado de hoje mais seis meses são previstos.
O rito é o mesmo, mas o ritmo e o rigor, não”.
O ex-presidente também lembrou de conversas breves que teve com a presidente após confirmada sua vitória para um novo mandato. “Falei dentro da minha convicção dos erros na economia, nas imprudentes renúncias fiscais e na falta de diálogo com o Parlamento”.
Defensor do modelo parlamentarista, o senador apontou o modelo de coalização atual como acabado e culpado diretamente pelos problemas que culminaram na deflagração do processo de impeachment. “O maior crime está na irresponsabilidade pelo aparelhamento desnfreado do estado que o torna inchado, arrogante e ineficaz.
Lá se vão 127 anos de crises e insurreições.
Sob o presidencialismo usufruímos somente de espasmos da democracia”.
LEIA MAIS: » Saiba como será a votação do impeachment no Senado nesta quarta » Sessão do impeachment no Senado pode terminar só na madrugada » Confira os memes do #TchauQueridaDay que dominaram a web nesta quarta-feira Collor foi de um extremo ao outro.
Antes alvo do processo de impeachment por movimentação de ‘caixa 2’ na campanha presidencial, sob a batuta do polêmico tesoureiro Paulo César Farias, hoje passou a julgador de Dilma Rousseff, que responde por crime de responsabilidade fiscal em razão das pedalas fiscais – prática do Tesouro Nacional de atrasar de forma proposital o repasse de dinheiro para bancos, para cumprir compromissos do governo.
Aliado de Dilma, Collor admitiu, depois da aprovação do impedimento da petista pela Câmara dos Deputados, no domingo 17 de abril, estar desconfortável em ter que participar do processo.
Sem revelar se votaria a favor ou contra o governo que apoiou até agora, Collor defendeu a necessidade de “serenidade”. » Senador Aloysio Nunes afirma que ‘Dilma não voltará mais ao poder’ » Ao vivo: Acompanhe a votação do impeachment de Dilma Rousseff no Senado » Aécio Neves: Estou confiante que o País terá nova chance, mesmo que não seja com PSDB Afastado No dia 29 de dezembro de 1992, Fernando Collor de Mello, renunciava ao mandato de presidente da República.
Foto: Elza Fiuza/ABr Afastado pelo Senado há 24 anos, mesmo depois de ter entregue a sua carta de renúncia, e condenado a ficar fora da vida política por oito anos, Fernando Collor, em 2014, conseguiu sua redenção ao ser absolvido do crime de peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica e corrupção passiva por falta de provas.
A absolvição veio tarde, apesar de ser referente às mesmas acusações que resultaram na retirada de sua faixa de presidente.
Depois de 10 anos afastado da política, retornou em 2006, se elegeu senador, apesar da mais curta campanha para a Casa, 28 dias. » Presidente da CUT-PE diz que Dilma vai descer a rampa com 15 mil pessoas » Teori decidirá sobre pedido de anular impeachment antes de votação no Senado » Movimento Vem pra Rua vai fazer festa em Boa Viagem se impeachment for aprovado Denunciado na Lava Jato Collor foi denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em agosto do ano passado, por corrupção e lavagem de dinheiro.
Segundo Janot, as investigações indicam que o parlamentar recebeu cerca de R$ 26 milhões de propina em contratos da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.
De acordo com a denúncia, o ex-presidente utilizou assessores no Senado, colaboradores e empresas em atividade e de fachada para receber repasses em contratos celebrados entre a Petrobras Distribuidora e a DVBR Derivados do Brasil.
O ex-petebista nega envolvimento com as irregularidades e acusa o procurador-geral da República de perseguição.