O Partido Socialista Brasileiro (PSB) decidiu, nesta terça-feira (10), em reunião da Comissão Executiva Nacional, para deliberar sobre a conjuntura política com o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que vai ficar de fora do governo Temer.
Foram 22 votos contra a participação na gestão Temer e oito votos a favor.A reunião foi realizada na sede nacional do partido, em Brasília, desde às 14h30.
O deputado federal Danilo Cabral, secretário de Planejamento do governo Paulo Câmara (PSB), explicou a decisão. “O PSB decidiu, corretamente, não participar do Governo Temer.
Para o partido não interessa ao Brasil o debate miúdo e rasteiro sobre cargos, que fala apenas para a velha política fisiológica.
Queremos debater e encontrar caminhos do futuro para a pauta da sociedade.
Discutir a agenda econômica, política e social.
Lamentavelmente, e diferente do desejo da sociedade, os primeiros sinais do novo governo indicam uma ponte para o passado”, disse.
A decisão não surpreende.
No Estado de Pernambuco, o governador Paulo Câmara e o prefeito Geraldo Julio já haviam dado declarações dizendo que o partido deveria participar sem cargos, mas o deputado federal Tadeu Alencar também havia afirmado, na semana passada, que a maioria da bancada federal queria participar com cargos.
A Executiva Nacional do PSB também decidiu que a direção do partido “não vai indicar nem chancelar nomes” para compor o ministério de um eventual governo de Michel Temer (PMDB).
O partido afirmou que contribuirá com propostas e que deve ser dada a ampla liberdade para o peemedebista reunir quadros qualificados para enfrentar a crise.
Um dos nomes cotados para o governo Temer é o deputado federal Fernando Filho, líder da bancada do PSB, que pode receber o ministério da Integração Nacional.
No Senado, o senador Fernando Bezerra Coelho, pai de Fernando Filho, já sinalizou voto a favor do afastamento de Dilma.
No sábado, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, já havia defendido, no encerramento do seminário Cidades Inclusivas, realizado em Brasília, que a união era a única saída para contrapor a corrosão do sistema político nacional. “Vivemos um momento decisivo em que o sistema político nacional está completamente corroído e pode desmoronar, e não queremos desmoronar com ele.
Só temos uma saída: se nós tivermos unidade com a direção e a base do partido.
E a base começa em cada município”, disse o presidente do PSB.
Para Siqueira, o partido precisa ser capaz de mostrar a sociedade brasileira que tem compromissos reais com uma nova forma de fazer política. “Não podemos ser convencionais.
Temos de ter um pouco de autocrítica.
Nós também cometemos erros.
Hoje e mais do que nunca o PSB tem uma avenida para marchar em favor das populações mais pobres desse país e dos desafios estratégicos”, afirmou.