Um dia antes da votação do relatório que pede o afastamento de Dilma na comissão especial do impeachment do Senado, nesta sexta-feira, o líder do Governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), declarou, nesta quinta, que os parlamentares terão a chance de enterrar “esse processo construído a partir de mentiras e concepções falsas, maculado desde a sua origem por um chantagista afastado hoje de suas funções”. “O Senado deveria fazer um tributo à seriedade e suspender a continuidade da denúncia conduzida de forma absolutamente vingativa e equivocada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)”. “Isso configura desvio de poder.
A decisão que o Supremo Tribunal Federal (STF) tomou contra ele na tarde de hoje (ontem), por 11 a 0, é uma demonstração cabal de que esse cidadão não tinha autoridade moral e política para conduzir um processo com essa seriedade.
Por isso, todos os atos cometidos por ele deveriam ser suspensos”, pediu, sem ser atendido pelo STF.
Os ministros do STF devem analisar, nos próximos dias, ação que trata da anulação dos atos de Cunha, como quer a Rede, interessada em novas eleições para tentar emplacar Marina Silva.
Já o PT, depois de derrotado na Câmara e hoje no Senado, aposta nas novas eleições para tentar a sorte com Lula. “É inadmissível impedir um mandato presidencial conquistado democraticamente nas urnas pela maioria do povo brasileiro por conta somente de decretos de suplementação orçamentária e de atrasos de pagamentos do Governo ao Banco do Brasil (pedaladas fiscais)”. “Veja que coisa estranha: uma presidente considerada criminosa que, para ser condenada, eles tiveram que fazer uma pesquisa para ir atrás de seis decretos.
Trata-se de R$ 1,8 bilhão em recursos adicionais no orçamento.
Pergunto: esse dinheiro foi apropriado pela presidenta?
Foi roubado?
Esse recurso foi malversado?
Foi usado em corrupção?
Não, senhores”, disse, repetindo a cantilena usada nos últimos meses, sem sucesso. “Cassar uma presidente eleita por 54 milhões de eleitores devido aos decretos e às pedaladas é um absurdo.
O verdadeiro crime é esse.
Esse é o verdadeiro crime que está acontecendo no Brasil hoje”, disse, sem citar que boa parte das pessoas que votaram em Dilma hoje querem seu afastamento, de acordo com pesquisas de opinião.
O parlamentar vê a tentativa de derrubar Dilma como uma jogada suja de mão em uma partida de futebol. “Por isso, no meu entendimento, trata-se, efetivamente, de um golpe.
Portanto, aqueles que votarão amanhã precisam votar com essa consciência de que a história vai julgá-los.
Não se tira uma chefe de Estado com base em impopularidade e supostos atos administrativos irregulares”, disse.
O senador diz que os integrantes da comissão deveriam pensar, na hora da votação, sobre o precedente que está sendo aberto. “Não importa se virá o Temer depois, se o Aécio for candidato e ganhar em 2018, ou se for Lula.
Não é isso.
Nós estamos abrindo uma porteira que talvez não possa mais ser fechada lá na frente, porque toda oposição parlamentar com dois terços no Legislativo vai querer derrubar um governo impopular em tudo quanto é município e estado do Brasil”, disse.