Estadão Conteúdo - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) proíba a Polícia Federal de fechar acordos de delação premiada sem a participação do Ministério Público.

Na ação, protocolada na quinta-feira, 28, Janot pede para que sejam considerados inconstitucionais trechos da lei que combate organizações criminosas e permite que a PF também feche esse tipo de acordo de colaboração com investigados.

LEIA TAMBÉM: > Janot aponta ‘onze atos’ para afastar Eduardo Cunha da Câmara > Janot muda recomendação e pede para STF anular posse de Lula na Casa Civil O argumento principal da peça da Procuradoria-Geral da República é que a legitimidade para propor e negociar delações premiadas é “privativa” do órgão. “Compete ao Ministério Público dirigir a investigação criminal, no sentido de definir quais provas considera relevantes para promover a ação penal, com oferecimento de denúncia, ou arquivamento.

Isso não exclui nem diminui o importante trabalho da polícia criminal, nem implica atribuir ao MP a ‘presidência’ de inquérito policial”, sustenta a ação.

LEIA TAMBÉM: > Em julgamento do STF, Janot diz que Eduardo Cunha gerenciava propinoduto na Petrobras > Janot diz que troca no Ministério da Justiça não interfere na Lava Jato Apesar disso, Janot pede para que, se a ação for aceita pelo Supremo, a validade dos acordos já firmados pela PF seja mantida para evitar prejuízos nas investigações em curso.

A ação ficará sob a relatoria do ministro do STF Marco Aurélio Mello.

Os acordos de delação premiada ganharam popularidade com a Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrução bilionário na Petrobras.

A partir desse instrumento jurídico, uma pessoa que cometeu um crime se compromete a colaborar com as investigações e denunciar outros envolvidos em malfeitos em troca de benefícios, como a redução da pena.

Na semana passada, Janot afirmou que a Lava Jato já havia firmado 65 acordos de delação premiada.