Estadão Conteúdo - A Corregedoria Nacional de Justiça investiga o ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, do Superior Tribunal de Justiça.
A ministra Nancy Andrighi, corregedora, solicitou ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), compartilhamento de provas nos autos da delação do senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS).
Ribeiro Dantas foi citado pelo senador, ex-líder do governo no Senado, em sua colaboração premiada.
Segundo Delcídio, a nomeação de Ribeiro Dantas ao cargo de ministro do STJ era uma estratégia do governo para garantir a soltura dos executivos Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht, e Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez.
O ministro se manifestou a favor da liberação dos executivos, mas foi voto vencido no STJ, que manteve a prisão preventiva.
O pedido da ministra ao Supremo foi feito na segunda-feira, 25. “Tendo em vista a necessidade de aprofundamento na análise de informações veiculadas na imprensa, a respeito do possível envolvimento do Min.
Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, do Superior Tribunal de Justiça, nos fatos investigados na denominada Operação Lava Jato, solicito a Vossa Excelência o compartilhamento das provas pertinentes, para posterior deliberação da Corregedoria Nacional de Justiça sobre eventual instauração de procedimento administrativo disciplinar.” LEIA TAMBÉM: > Celso de Mello mantém processo de cassação de Delcídio > Senadores querem votar cassação de Delcídio na próxima semana > STF nega pedido de Delcídio para suspensão de processo no Conselho de Ética Delcídio Amaral foi preso em 25 de novembro do ano passado por decisão do Supremo Tribunal Federal a pedido da Procuradoria-Geral da República.
Em conversa gravada por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró (Internacional), o senador é flagrado discutindo um plano para obstruir as investigações de desvios na Petrobras.
Ele e o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, iriam financiar a fuga de Cerveró - preso desde janeiro na Lava Jato.
O anexo 1 da delação de Delcídio é intitulado “Nomeação do ministro Marcelo Navarro Dantas para a soltura dos presos da Lava Jato”.
No documento, o senador relata que a indicação seria “uma nova solução” para a liberação de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo. “Tal nomeação seria relevante para o governo, pois o nomeado entraria na vaga detentora de prevenção para julgamento de todos os habeas corpus e recursos da Operação Lava Jato no STJ”, declarou Delcídio. “Delcídio e a presidenta Dilma conversaram enquanto caminhavam pelos jardins do Palácio da Alvorada e Dilma solicitou que Delcídio conversasse com o desembargador Marcelo Navarro, a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura do Marcelo e de Otávio.” O senador detalhou um encontro com o ministro. “Conforme combinado, Delcídio Amaral se encontrou com o desembargador Marcelo Navarro no próprio Palácio do Planalto, no andar térreo, em uma pequena sala de espera, o que poderá ser atestado pelas câmeras do Palácio do Planalto.
Nessa reunião, muito rápida pela gravidade do tema, o Dr.
Marcelo ratificou seu compromisso.” O ministro Teori Zavascki autorizou o compartilhamento, na terça-feira, 26, “com o imediato envio à Corregedoria Nacional de Justiça de mídia digital contendo os autos assinalados”. “Compromisso de alinhamento” Também em delação premiada, o ex-chefe de gabinete de Delcídio Amaral citou o ministro Ribeiro Dantas.
Ele confirmou a ofensiva do governo para tentar interferir na Lava Jato através da nomeação de Ribeiro Dantas.
Diogo Ferreira disse que o parlamentar relatou a ele conversas com a presidente Dilma Rousseff na qual a petista pediu “compromisso de alinhamento” do ministro com o governo e citou o caso do presidente da Odebrecht preso preventivamente pelo juiz Sérgio Moro, Marcelo Odebrecht.
O ministro informou, por meio da assessoria de imprensa do Superior Tribunal de Justiça, que não vai se manifestar.