Da ABr A presidenta Dilma Rousseff voltou a criticar abertamente o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e disse que ele é o “pecado original” do processo de impeachment que tramita contra ela no Senado Federal.

Em discurso durante a Conferência Nacional de Direitos Humanos, a presidenta disse que Cunha, alvo de acusações e pedidos para ser investigado no Supremo Tribunal Federal, recebeu o pedido de impeachment contra ela para se livrar dos processos. “O senhor presidente da Câmara queria fazer um jogo escuso com o governo.

Qual é? ‘Votem para impedir que eu seja julgado no Conselho de Ética, tirem os votos que o governo tem no conselho, eram três [votos], e aí eu não entro no processo de impeachment.

Um governo que aceita uma negociação dessas é um governo que entra em processo de apodrecimento.

Por isso nós recusamos essa negociação.” LEIA TAMBÉM: > Dilma diz a aliados que afastamento temporário é ‘inevitável’ > Comissão do Impeachment aprova nomes que farão defesa e acusação de Dilma > “Querem chegar, sentar na minha cadeira, mas sem voto”, diz Dilma em Salvador Sem citar o vice-presidente Michel Temer, Dilma disse que um eventual governo de seu sucessor, caso o Senado decida afastá-la da Presidência, vai retirar direitos sociais e de grupos como a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transsexuais e transgêneros).

A presidenta citou a inclusão do nome social na identidade das pessoas que mudaram de sexo, reivindicação antiga da comunidade homossexual. “Nós [governo] vamos discutir o nome social.

Eles não vão discutir o nome social com vocês.

Eu asseguro a vocês que nós discutimos.

Eles não só não discutem como jamais farão uma legislação para garantir direitos do povo LGBT”, disse.

Impeachment A uma plateia de milhares de defensores dos direitos humanos, Dilma repetiu que não possui contas no exterior, que não usou dinheiro público para se beneficiar, que não é acusada de corrupção e que não cometeu crime de responsabilidade, o que daria base jurídica para o impeachment.

Mais uma vez, a presidenta explicou que os seis decretos de suplementação que foram assinados por ela, e que embasam o pedido de impedimento que tramita no Senado, fazem parte de uma acusação “arranjada” e “frágil”. “Sempre foi feito isso [decretos] no Brasil desde 1994, só que na minha vez é crime.

Só tem isso.

Não tendo crime para me acusar, inventam que é crime aquilo que não é crime.” Dilma chamou de “meia verdade” o argumento de o processo de impeachment é legal porque está previsto na Constituição. “Você faz uma meia verdade pra encobrir sua mentira.

De fato, todo mundo aqui pode dizer que o impeachment está previsto na Constituição Federal.

Só que não pode ter impeachment sem base jurídica, sem crime.

Aí quando você faz impeachment sem base legal você está é praticando um golpe”, disse, reforçando a tese que tem apresentado em discursos.