Estadão Conteúdo - A presidente Dilma Rousseff voltou nesta quarta-feira, 27, a dar sinais de que está disposta a enviar ao Congresso uma proposta de antecipação das eleições para encurtar o seu próprio mandato.

O vazamento dessa estratégia, porém, contrariou Dilma, que ainda avalia o melhor momento para tomar a iniciativa.

Com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, um grupo de senadores irá hoje ao Palácio do Planalto entregar uma carta a Dilma, solicitando a ela que encaminhe logo uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), sugerindo a convocação de eleições em outubro.

Os movimentos sociais, no entanto, são contra, sob o argumento de que isso enfraqueceria nas ruas a “batalha” contra o impeachment.

Apesar de apoiar o plano, até mesmo para “emparedar” o vice-presidente Michel Temer, o PT decidiu não erguer agora a bandeira das “diretas já” por uma questão estratégica.

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Além disso, acha que a iniciativa deve partir da própria Dilma. “O posicionamento continua o mesmo.

Só não queremos levantar essa bandeira, neste momento, porque o foco, agora, deve ser a luta para barrar o impeachment no Senado”, argumentou o deputado Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da seção fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

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Até mesmo Lula, no entanto, observa que a chance de Dilma retornar ao Planalto, após um período de até 180 dias de afastamento, é remota.

LEIA TAMBÉM: > Aliados de Michel Temer veem ‘tentativa de golpe’ em proposta de novas eleições > Lula e Jaques Wagner demonstram simpatia por ideia de nova eleição, dizem senadores Dois ministros disseram ao jornal O Estado de S.

Paulo que Dilma está “propensa” a aceitar a ideia de sugerir ao Congresso a antecipação de eleições presidenciais para outubro, quando também haverá disputa pelas Prefeituras.

De acordo com eles, porém, a presidente teme que isso pareça uma renúncia ou algo como “jogar a toalha” para a batalha final e por isso ainda avalia o “timing” da ação.

Uma ideia sob análise também prevê um plebiscito para que a população decida se quer novas eleições presidenciais antes de 2018.

Tudo, porém, precisa passar pelo crivo do Congresso e até mesmo aliados dizem que a Câmara, presidida por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dificilmente autorizará isso.

Em conversas com sindicalistas e também com empresários e políticos, nos últimos dias, Temer chamou as propostas de “golpe”.