No momento em que policiais militares ameaçam uma nova paralisação grevista no Estado de Pernambuco, o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes, do PSDB, cobrou, nesta terça-feira (26), uma maior reflexão sobre o assunto e um debate aprofundado sobre uma Política Nacional de Segurança, envolvendo o Governo Federal, o Congresso Nacional e a sociedade.

Mesmo reconhecendo que, nesta questão, é preciso discutir a relação entre o serviço prestado e a remuneração, o gestor disse ser “inadmissível” que ainda se admita, na legislação brasileira, greve em áreas sensíveis como a Polícia, momentos em que a população de uma maneira fica muito vulnerável, em situações que muitas vezes chega a ser de alto risco.

Elias Gomes disse considerar que se pode suportar greves em alguns serviços públicos também muito importantes, a exemplo das áreas de limpeza urbana, educação, na burocracia e em parte da saúde (a exceção dos serviços de emergência e de atendimento a acidentados, entre outros), mas que na segurança pública a questão deve ser vista de outro prisma.

O prefeito argumentou que na educação há o mecanismo de reposição das aulas, por exemplo, enquanto na limpeza pode-se fazer um serviço emergencial, mas advertiu que, no caso dos policiais, a situação é diferente e todos perdem e ficam muito expostos. “É inadmissível que se pense que a legislação brasileira ainda permita greve numa área como a segurança pública.

Num país onde se mata mais que em países que estão conflagrados, em guerra.

Aí você expõe as pessoas ao nível extremo de vulnerabilidade, na sua integridade, nos negócios, nas empresas, nos lares, nas escolas, nas ruas.

A vida das pessoas fica completamente desassistidas, do ponto de vista da força policial”, afirmou o prefeito. “No meu ponto de vista, e de alguns estudiosos, é que, embora reconheçamos que o policial é um pai de família, há funções que não se pode admitir esse tipo de paralisação”, completou.

Para Elias Gomes, antes de qualquer iniciativa de nova greve, a exemplo da greve de 2014, em Pernambuco, quando uma onda de saques foi registrada em municípios da Região Metropolitana do Recife, aproveitando-se da paralisação, deve-se buscar uma discussão federalizada sobre a situação da segurança pública no Brasil, visado uma Política Nacional de Segurança. “É preciso buscar, a partir daí, um mecanismo pelo qual seja possível resolver essa contradição entre o serviço prestado e a remuneração dos policiais”, sugeriu.

O prefeito ressaltou ainda que é importante que se veja, também, que o momento que o Brasil vive é de uma grave crise econômica nacional, onde todos estão perdendo, seja o cidadão, com a queda do poder aquisitivo e o alto número desemprego, sejam os comerciantes e empresários, com a redução das vendas e dos seus negócios, passando pelos governos de todos os níveis (federal, estaduais e municipais), com a crescente queda de arrecadação e o aumento das demandas sociais. “Na crise, as perdas são compartilhadas, divididas.

Não é razoável falar em greve num momento desses”, afirmou, sugerindo que, hoje, com as facilidades oferecidas pelas redes sociais, os policiais busquem outros meios de reforçar seus movimentos e até de agregar mais segmentos sociais ao debate sobre a situação da categoria, podendo assim angariar mais simpatia da população e reforçar o debate.