Estadão Conteúdo - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) classificou como “estapafúrdia” a declaração do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), durante votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, na Câmara, no último dia 17.
LEIA MAIS: » Durante votação, Jean Wyllys cospe em direção a Jair Bolsonaro » Bolsonaro lembra militares de 64 e coronel Ustra ao declarar voto a favor do impeachment O deputado exaltou a ditadura militar e a memória do coronel reformado Carlos Brilhante Ustra, que foi chefe do Doi-Codi de São Paulo, um dos mais sangrentos centros de tortura do regime militar, e morreu no ano passado.
Para FHC, o PSDB deve “repudiar” as declarações. “É inaceitável que tantos anos após a Constituição de 1988 ainda haja alguém com a ousadia de defender a tortura e, pior, elogiar conhecido torturador.
O PSDB precisa repudiar com clareza essas afirmações, que representam uma ofensa aos cidadãos do País e, muito especialmente, aos que sofreram torturas”, disse FHC. » Curtidas a Coronel Ustra crescem 3.300% após homenagem de Bolsonaro » Presa política lembra como conheceu Coronel Ustra, torturador homenageado por Bolsonaro Durante a votação do impeachment, Bolsonaro disse: “Perderam em 1964, perderam agora em 2016.
Contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, o meu voto é sim.” FHC se manifestou na quarta-feira, 20. “O processo do impeachment começa agora a tramitar no Senado.
Esperamos que os trâmites legais sejam todos cumpridos, sem delongas.
E quando chegar o momento da decisão dos senadores, que a votação se processe de forma conveniente, sem declarações estapafúrdias como algumas que testemunhamos na Câmara dos Deputados.
Especialmente uma me desagradou, aquela proferida pelo deputado Bolsonaro.” » Dilma diz ser lamentável Bolsonaro homenagear torturador na Câmara » Instituto Herzog manifesta indignação contra declaração de Bolsonaro » Em nota, PPS repudia declaração de Bolsonaro e presidência de Eduardo Cunha na Câmara Ustra comandou o Doi-Codi entre 1971 e 1974.
Nos últimos anos, procuradores da República em São Paulo vinham tentando processá-lo pela tortura e morte de vários militantes que foram encarcerados nas dependências daquela unidade militar do antigo II Exército em São Paulo.
Há sete anos, Ustra é declarado torturador pela Justiça, após decisão do TJ de São Paulo.
Desde domingo, parte da sociedade e diversas entidades têm se manifestado contra as declarações de Jair Bolsonaro.
O Instituto Vladimir Herzog pediu a expulsão de Bolsonaro.
A entidade preserva a memória do jornalista Vladimir Herzog, vítima da ditadura. » OAB-RJ vai ao STF pedir a cassação do mandato de Jair Bolsonaro » Em nota, OAB de Pernambuco critica deputado Jair Bolsonaro por homenagear general da Ditadura em discurso O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai investigar o deputado.
A iniciativa da Procuradoria foi divulgada na quarta-feira, 20 e é uma resposta às 17.853 manifestações da população recebidas pela Procuradoria nos últimos dias questionando a conduta do parlamentar.
Na terça-feira, 19, o presidente da seccional da OAB no Rio de Janeiro, Felipe Santa Cruz, afirmou que a Seccional recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, se necessário, à Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica, para pedir a cassação do mandato de Jair Bolsonaro.