Por Franco Benites, da coluna Pinga-Fogo Autor do SIM que decretou oficialmente a derrota da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados no último domingo (17), o deputado federal Bruno Araújo (PSDB) garante estar vivendo um início de semana de celebridade. “Acordei com mais de 3.200 mensagens no whatsapp.

Consegui responder pouco mais de 400.

Depois, tento responder o restante.

São mensagens de todo o Brasil de pessoas emocionadas pela forma como o meu voto foi anunciado.

Acordei com uma ressaca de felicidade”, afirmou, sem conseguir esconder a alegria.

Bruno diz que a emoção foi tamanha que não conseguiu se lembrar do momento do voto e nem do rápido discurso que fez. “Estava reunido com outros deputados ontem e falei: alguém me mostra o que eu disse porque eu não me lembro”, conta.

LEIA TAMBÉM: > Veja como votaram os deputados pernambucanos no impeachment > Bruno Araújo diz que fim do governo é um passo obrigatório para o Brasil se recuperar A partir daí, começaram a chegar às mãos do deputado diversos vídeos com o momento da votação. “São vídeos bem bacanas, com ângulos diferentes da votação.

Fico feliz porque fugi daquela coisa do “meu pai, minha mãe, minha esposa.

Ficou um pronunciamento litúrgico”, gaba-se.

Sem falsa modéstia, Bruno Araújo diz que merecia ter dado o SIM de número 342. “Quando começamos a falar sobre esse processo, eu, Mendonça Filho (DEM), Carlos Sampaio (PSDB-SP) e outros deputados, a lista não tinha 70 nomes.

O próprio vice-presidente Michel Temer (PMDB) operava contra.

Nas últimas semanas, Mendonça e eu fizemos a lista dos deputados ao menos duas vezes ao dia.

Você tem noção do que é repassar uma lista com 513 nomes duas vezes ao dia?

Foi uma coisa justa, um reconhecimento ao meu trabalho”, enfatiza.

LEIA TAMBÉM: > Renan e Lewandowski dizem que vão definir juntos rito do impeachment no Senado > Senadores querem PEC para novas eleições junto com impeachment Ex-presidente estadual do PSDB em Pernambuco, Bruno Araújo disse que não quis criar expectativa se poderia dar o voto de número 342 a favor do impeachment e que quando foi chamado para votar já não lembrava mais do texto que tinha pensado inicialmente.

Mas algumas horas antes da votação, ele já recebia informações de que poderia dar o voto decisivo. “Não tinha como ter certeza”, fala.

SEM INVEJA Colegas de partido de Bruno Araújo, Betinho Gomes e Daniel Coelho, que são pré-candidatos a prefeito no Cabo de Santo Agostinho e no Recife, ficaram perto de dar o voto 342.

Betinho foi o voto de número 341 e Daniel o de número 343.

Eles comentaram o “feito” do correligionário. “Ter ficado com Bruno foi muito merecido pelo trabalho como líder da minoria, pelo trabalho feito”, apontou Daniel.

Betinho afirmo que não ficou frustrado por “perder” o voto para o colega. “Já se falava que o voto decisivo seria de Pernambuco.

Poderia ser Augusto Coutinho (SDD), André de Paula (PSD), eu, Bruno e Daniel. É o acaso, o destino.

Foi importante ter ficado com um deputado do PSDB. É simbologismo importante de que o partido faz oposição ao governo Dilma”, comentou.

LAVA JATO E VIDA PÚBLICA Mas, apesar da euforia de Bruno Araújo, nem tudo foi alegria.

Internautas de vários cantos do Brasil entraram na página que o deputado mantém no Facebook e lembraram que ele foi incluído em uma lista da Odebrecht, descoberta pela Operação Lava Jato. “Estou tranquilo quanto a isso.

Faz parte da vida pública”, relatou.

A defesa de Bruno, que já havia sido feita em março passado, quando surgiu a lista, é na linha de que recebeu doações oficiais, sem qualquer tipo de margem para contestação.

Bruno Araújo recebeu 131.768 votos nas últimas eleições para deputado federal e foi o sétimo mais votados no Estado.

Ficou atrás de Daniel Coelho (PSDB), Anderson Ferreira (PR), Felipe Carreras (PSB), Jarbas Vasconcelos (PMDB), Pastor Eurico (PSB) e Eduardo da Fonte (PP).

Natural do Recife, com nascimento em 1972, Bruno Araújo é formado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Antes de chegar à Câmara Federal, foi duas vezes deputado estadual. É filho do ex-deputado estadual Eduardo Araújo e começou na vida pública como oficial de gabinete do governo Joaquim Francisco (1991), sendo em seguida chefe de gabinete parlamentar na Assembleia Legislativa (1992-1998).

Próximo ao senador mineiro Aécio Neves (PSDB-MG), que concorreu contra a presidente Dilma Rousseff nas eleições de 2014, Bruno Araújo chegou a levar panelas para a Câmara Federal para protestar contra a petista.