O deputado Álvaro Porto (PSD) defende a realização de eleições gerais em outubro como forma de zerar o desgaste da atividade política decorrente da crise que culminou com a a aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) pela Câmara.

Em discurso da Assembleia, afirmou que é hora de todos os ocupantes de cargos eletivos se submeterem a novo julgamento do povo nas urnas. “Eu tenho ainda três anos de mandato pela frente, mas não me furto a abraçar essa tese.

A crise de credibilidade da política e dos políticos é tão aguda que o melhor caminho é zerar tudo, passar tudo a limpo e recomeçar”, disse.

Para reforçar suas declarações, Porto destacou a rejeição da população ao vice-presidente Michel Temer (PMDB), que sucederá Dilma, caso o impedimento seja ratificado pelo Senado.

Citou pesquisa Datafolha divulgada segunda-feira que revela que 54% dos manifestantes pró impeachment não querem que o vice assuma a Presidência ao passo que 68% acreditam que a sua eventual gestão será ruim ou péssima.

Entre os que são contra o impedimento a rejeição é maior: 79% defendem o afastamento de Temer e 88% apostam que seu possível governo será ruim ou péssimo. “É importante que a classe política esteja sintonizada com as ruas, de modo que os anseios da população sejam atendidos”, frisou.

O deputado criticou ainda a postura antirrepublicana e desrespeitosa dos que justificaram seus votos com argumentos pessoais. “Parlamentares têm papel constitucional conferido por meio de mandato que, por sua vez, é resultado de votos.

Portanto, deputados devem explicações aos seus eleitores e não a pai, mãe, filho, cunhado ou sobrinho”. Álvaro Porto destacou a conduta dos deputados federais pernambucanos Bruno Araújo (PSDB), Mendonça Filho (DEM) e André de Paula (PSD) por jamais terem estado em cima do muro e por rejeitarem o jogo da troca de apoio por cargos. “Estendo esse reconhecimento a todos os que se conduziram sem fraquejar e fizeram valer suas convicções, seja contra ou a favor do impeachment, sem deixar para decidir de última hora, seguindo o vento do oportunismo”, salientou. “O impeachment em andamento deve servir de lição e alerta não só para a presidente.

Governadores e prefeitos devem estar cientes que não governam sozinhos, mas sim estabelecendo parcerias com vereadores e deputados.

Criar pontes com o Legislativo e cumprir compromissos assumidos é a receita, é o caminho”.