O clima de tensão na reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Funai chegou ao ápice quando o filho de Bolsonaro atacou o dirigente da Contag, defensor de Dilma.

A CPI da Funai ouviu o secretário de Finanças e Administração da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Veras dos Santos.

Depois de ter ameaçado em evento ao lado de Dilma invasão de terras de parlamentares, o dirigente da Contag que faz uso da liminar do Supremo Tribunal Federal que lhe garantiu o direito de permanecer em silêncio na comissão e de ser assistido por seu advogado, Ivaneck Perez Alves.

Na CPI, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) chamou o depoente de covarde. “Ele não tem vergonha na cara”.

O advogado do secretário da Contag protestou.

O deputado Nilto Tatto (PT-SP) fez questão de ordem afirmando que o depoente não era obrigado a permanecer no recinto ouvindo ofensas.

Eduardo Bolsonaro quis passar parte de seu tempo para o deputado Delegado Éder Mauro (PSD-PA), o que causou protestos da deputada Erika Kokay (PT-DF), tendo início uma discussão entre os dois.

Mais cedo, o relator Nilson Leitão (PSDB-MT) afirmou que Aristides reside em apartamento na Asa Sul e que o padrão de vida do depoente é muito distinto dos trabalhadores que ele representa.

O deputado Padre João (PT-MG) afirmou que quem incita a violência são deputados na Casa.

Ele citou o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que mais cedo defendeu o direito de todo proprietário de terras ter armas para defesa própria. “No passado, padre como ele levaria cascudo”, rebateu Bolsonaro.

Novamente, uma discussão começou e o clima de tensão se acirrou na CPI.

Deputados afirmaram, na CPI da Funai, que o secretário de Finanças e Administração da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Veras dos Santos, estimulou a violência em cerimônia no Palácio do Planalto no último dia 1º.

O presidente da CPI, deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), acaba de encerrar a reunião por conta dos “ânimos acirrados”.

No Planalto, Aristides Veras disse que a “bancada da bala” no Congresso Nacional é forte. “A forma de enfrentar a bancada da bala contra o golpe é ocupar as propriedades deles ainda lá nas bases, lá no campo.

E a Contag e os movimentos sociais do campo é que vão fazer isso”, disse o secretário da Contag.

O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) foi um dos que reclamou que o dirigente da Contag estimulou a violência no País com sua fala.

O parlamentar disse que a CPI respeita a Contag e que a instituição não está sendo criminalizada, ao contrário do que teriam afirmado, mais cedo, outros integrantes da comissão. “A Contag não tem essa filosofia de pregar a invasão e a violência”, destacou.

Para o deputado, hoje Aristides perdeu a oportunidade de se desculpar perante a comissão.

O deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS) também afirmou que o secretário da Contag estimulou o ódio.

Para ele, Aristides representa apenas uma ala da Contag. “Esta ala da Contag eu não respeito”, disse.

Na visão dele, o secretário representa “os baderneiros” da instituição.

Segundo ele, os sem-terra que estão sendo mortos invadiram propriedades, e agricultores também estão sendo assassinados.

O deputado Capitão Augusto (PR-SP) considerou “um absurdo, uma aberração” a fala de Aristides.

O parlamentar acredita que o secretário da Contag fez ameaça direta a deputados e pediu que ele seja punido na Justiça por sua fala. “Experimente ocupar o meu gabinete.

Te desafio a invadir minha casa.

Não tem coragem para isso.” O deputado defendeu que os parlamentares tenham direito ao porte de arma para se defenderem e para protegerem a sua propriedade. “Não tem outra forma senão meter bala mesmo”, continuou.

O deputado Bonh Gass (PT-RS) disse que na comissão está sendo estimulado o armamento, o ódio e a violência contra os agricultores.

Na visão dele, o crime é “extrair uma frase” da fala de Aristides e descontextualizá-la.

O deputado acusou o deputado Luiz Carlos Heinze de estar envolvido na Operação Lava Jato, o que foi negado por Heinze e uma nova discussão na comissão começou.

Com informações da Agência Câmara