Por Lucas Ramos, deputado estadual pelo PSB e vice-líder do Governo na Assembleia Legislativa Em recente entrevista ao jornal Estadão (SP), o governador Paulo Câmara reforçou o coro dos brasileiros que querem novas eleições presidenciais como uma saída menos traumática para a crise econômica, política e ética que assola o nosso país há quase dois anos.
Esse também é nosso sentimento, uma posição firme, suprapartidária e sensata diante de um cenário tão danoso para a jovem democracia brasileira.
Defenderemos a realização de novas eleições para presidente de República.
Os procedimentos necessários para a convocação de novas eleições já estão no Tribunal Superior Eleitoral, que tem o dever constitucional de julgar o processo que propõe a cassação da chapa Dilma/Temer sob o argumento de uso de fundos desviados da Petrobras para financiamento da campanha em 2014.
Um trabalho permeado por discussões que pode ser acelerado pelos pronunciamentos, debates, mobilizações e atitudes da classe política e dos movimentos sociais que defendem a democracia e a retomada do desenvolvimento brasileiro.
A realização de novas eleições dá ao Brasil a oportunidade de firmar um novo pacto federativo, cobrando dos novos candidatos posturas mais claras e verdadeiras que demonstrem sintonia e compromisso com os anseios da população.
Não podemos dividir o Brasil em dois, como o muro do impeachment que separa militantes pró e contra governo em frente à Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Precisamos pensar como republicanos e buscar a melhoria do nosso país.
Voltar às urnas é dar ao Brasil uma chance de escolher um novo caminho, avaliando os nomes com o dobro da responsabilidade.
Precisamos de um líder conciliador, não há espaço para continuar como está.
O plenário da Câmara aprecia o processo de impeachment, aprovado pela Comissão Especial criada para elaborar o relatório que propõe a cassação da presidente.
As análises e projeções mostram que o consenso de permanência ou impedimento está distante.
Com Dilma ou sem Dilma, o Brasil ainda estará mergulhado em uma crise que não se vê há 80 anos e seguirá caminhando sem horizonte otimista.
Continuando no poder, Dilma Rousseff não reunirá condições para governar um país mergulhado em desconfiança.
Analistas internacionais já preveem uma queda de 4,2% no PIB deste ano caso a presidente permaneça à frente do Palácio do Planalto, resultando em desemprego e inflação que massacrariam ainda mais nossas as famílias.
Teremos uma comandante desgastada que só poderá, com muito otimismo, minimizar os danos à nossa economia.
Se for cassada, a jovem democracia brasileira enfrentará seu segundo impeachment em menos de três décadas o que, apesar de constitucional, é uma medida extrema que gera feridas, fragiliza conquistas, descredibiliza as instituições republicanas e causa descrença nos investidores.
A renúncia deixa de ser uma opção quando a própria presidente externa que não largará o cargo. É em momentos de dificuldade que nossos líderes precisam ter altivez para mostrar desapego, respeito às instituições e à nação, atributos que a presidente Dilma não parece querer demonstrar.
Hoje, vê seu capital eleitoral desidratar dia após dia.
Eleita com pouco mais da metade dos votos, hoje possui a rejeição de quase dois terços dos brasileiros.
A saída menos dolorosa é a realização de novas eleições.
Se não consertarmos o país agora, teremos que explicar para as gerações futuras os motivos que nos fizeram abrir mão de uma década inteira.
E não teremos outros argumentos senão a inércia.
Não nos deixemos contaminar por sentimentos oportunistas em uma hora tão delicada para nosso país.
Paulo Câmara, assumindo uma postura de estadista, faz ecoar as vozes que se levantam a favor da democracia e da retomada do desenvolvimento.
São as vozes daqueles que, como nós, não desistiram do Brasil e ainda acreditam no seu futuro.