Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Estadão Conteúdo - Num dia em que foi derrotado na Comissão Especial do Impeachment e em que o vice Michel Temer deixou vazar um áudio em que se adianta ao afastamento da presidente Dilma Rousseff, o governo passou a tratar abertamente o peemedebista como “conspirador do golpe”, a fim de evitar que ele ganhe apoio até a votação do parecer no fim de semana.

LEIA MAIS: » Processo contra Dilma ‘é nulo’, afirma advogado-geral da União » Líderes de cinco partidos liberam bancadas para votar parecer sobre impeachment » Apenas 14 deputados foram indicados para comissão do impeachment de Temer Coube ao ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência, Jaques Wagner, o ataque mais incisivo: ele pediu a renúncia de Temer, caso o impeachment seja derrotado no plenário da Câmara. “Se Temer for desmentido no domingo, só sobraria a ele a renúncia ao cargo”, declarou Wagner, para quem o vice “assumiu a conspiração” e com quem disse não ver mais qualquer hipótese de diálogo.

Ao comentar o resultado da comissão, que aprovou a continuidade do processo por 38 votos a 27, o ministro reconheceu que o placar “era o esperado”, mas atingiu o mínimo previsto no Palácio do Planalto - a expectativa era obter apoio de 27 a 32 integrantes do colegiado contrários ao parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO). » Rosso reitera que seu voto será considerado em caso de empate » Picciani libera bancada do PMDB a votar como quiser na comissão do impeachment » 299 deputados declaram apoio à saída de Dilma; 123 são contra Segundo Wagner, Dilma já estava no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, quando a votação no colegiado foi encerrada, ontem à noite.

Ela comentou que “infelizmente a derrota era prevista”, conforme o ministro, que procurou demonstrar otimismo para a votação envolvendo todos os 513 deputados: “Vamos lutar pela vitória no plenário até o último instante”. > Temer diz que vazamento foi “equívoco”, e que não há novidade > Silvio Costa chama Michel Temer de “conspirador” Os votos obtidos pelo governo, segundo Wagner, representaram 41,5% do total da comissão.

Projetando isso para o plenário, de acordo com o ministro, Dilma conseguiria até 213 votos na Câmara, ou seja, 41 votos a mais que o mínimo de 172 necessários para rejeitar o afastamento da presidente - a aprovação do processo no plenário depende necessariamente do apoio de 342 dos 513 deputados.

Mas Wagner acredita que o resultado pode ser ainda melhor. » Com 38 votos a favor e 27 votos contrários, Comissão especial aprova relatório pró-impeachment de Dilma > Líder do PT diz que impeachment é golpe contra programas sociais > Antes de votação do relatório, debates sobre impeachment mostram que PSD está dividido Para justificar, o ministro disse que dois votos certos pró-governo não se concretizaram na comissão: o deputado Washington Reis (PMDB-RJ) não pôde comparecer, por motivos de saúde, e o deputado Bebeto Galvão (PSB-BA) não votou para não contrariar a orientação do partido favorável ao impeachment.

Ambos foram substituídos por suplentes que votaram contra o governo, mas Bebeto, por exemplo, estará liberado no plenário para apoiar o Planalto.

Indecisos O governo vai continuar investindo nos deputados que se dizem indecisos.

Também haverá uma ofensiva para resgatar parlamentares que eram favoráveis ao governo, mas estão se posicionando pelo afastamento da presidente. > Áudio vazado de Temer é ‘imprevidente, mas premonitório’, diz líder do PSDB > Assessoria informa que envio de áudio de Temer foi ‘acidental’ Confiante na vitória do governo no plenário, Wagner falou em “repactuação nacional”, embora reconheça que a Câmara possa abrir um novo processo de impeachment, a partir de um dos nove pedidos protocolados na Casa. “Mas só se quiserem atrapalhar o Brasil.” As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo.