Foto: AFP Na semana em que a Câmara dos Deputados tem prevista a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tem em sua mesa a definição sobre um pedido de investigação da petista por participar das tentativas de “tumultuar” as investigações da Lava Jato.
LEIA TAMBÉM: » “Lula sabia que Dilma era medíocre”, afirma Jarbas Vasconcelos » Dilma lidera ranking dos líderes mais decepcionantes do mundo » “Se impeachment chegar no Senado, Dilma vai arrumar suas gavetas”, diz Jarbas O grupo de trabalho do procurador-geral se debruça nos próximos dias sobre o que chamam de “arquitetura” da investigação.
Com todo o material nas mãos, a palavra final será dada por Janot, que se manteve afastado do gabinete na última semana em licença médica.
A previsão é de que ainda nesta semana sejam encaminhados ao Supremo Tribunal Federal (STF) os pedidos de inquérito com base na delação do ex-líder do governo Delcídio Amaral (sem partido-MS), que já estão em fase final na Procuradoria Geral da República (PGR). » Aécio nega que PSDB tenha recebido doações ilegais da Andrade Gutierrez » Para Aécio Neves, Dilma perdeu credibilidade de forma definitiva » Ministro da Justiça manda PF apurar morte de policial que criticava Aécio Procuradores que trabalham com Janot veem indícios para pedir investigações do senador Aécio Neves (PSDB-MG), do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por exemplo.
Delcídio citou nos depoimentos mais de 70 pessoas, com uma lista extensa de políticos.
Nesta semana, devem ser encaminhados os pedidos de abertura de inquérito ou arquivamento de cada um dos 20 fatos separados pela PGR com base nos depoimentos. » Indicado de Dilma é citado em acordo de delação premiada » Dilma ajuda Geraldo Julio com R$ 24 milhões para Hospital da Mulher no Recife » Com voto de Maluf, comissão passa a ter maioria favorável a impeachment de Dilma Desde a delação do petista, procuradores já avaliam a possibilidade de um inquérito contra a presidente, o que ganhou força com o avanço da operação sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a chegada à PGR do material obtido nos grampos telefônicos.
Com relação à obstrução de investigações, a ideia é trazer para o campo criminal o parecer assinado pelo procurador-geral e encaminhado ao STF anteontem.
Na peça, Janot diz que a nomeação de Lula para a Casa Civil por Dilma faz parte do “cenário” em que foram identificadas diversas tentativas de atrapalhar as investigações criminais da Lava Jato e vê no ato uma forma de “tumultuar” e atrasar a investigação.
Por “coerência”, dizem fontes com acesso ao caso, a definição sobre o eventual inquérito de Dilma deve seguir a mesma premissa. » ‘Vazamentos seletivos criam ambiente propício ao golpe’, diz Dilma Para formarem o pedido de investigação, procuradores devem unir três materiais: a delação de Delcídio, as conversas por telefone interceptadas pela Lava Jato e as investigações em andamento sobre Lula.
Na delação, Delcídio citou por exemplo uma investida do Planalto sobre o Judiciário para influir nas investigações com a suposta indicação do ministro do Superior Tribunal de Justiça Marcelo Navarro Ribeiro Dantas.
Lula Já as implicações sobre Lula podem ser cruciais para os desdobramentos criminais com relação a Dilma.
Isso porque o crime de embaraço às investigações prevê a tentativa de atrapalhar apuração de infrações penais que envolvam organização criminosa. É necessário apontar, portanto, que há indícios de envolvimento de Lula em uma organização criminosa para enquadrar o ato da presidente de nomeação do petista no crime de obstrução Por isso, o material sobre o tríplex no Guarujá e o sítio em Atibaia, ambos supostamente pertencentes ao ex-presidente, serve de apoio à definição sobre Dilma. » Pedro Corrêa cita Lula, FHC e irmã de Aécio em delação premiada » Aécio Neves se reúne com Temer para tratar de “agenda para o Brasil” » Aécio Neves diz que Dilma, ao falar em suposto golpe, quer passar por vítima Em março de 2015, Janot descartou a possibilidade de investigar a presidente mesmo após menção ao nome de Dilma por delatores.
Pela Constituição, alegou o procurador, não cabe investigação de presidente da República durante o mandato por atos alheios ao período e à função de presidente.
Esse tipo de preliminar, no entanto, já foi descartada na PGR no caso dos óbices à investigação.
O “cenário” das tentativas de obstrução é formado também por conversas laterais grampeadas que envolvem o Planalto, como diálogo em que o presidente do PT sugere ao então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, um pedido de ajuda para evitar a prisão de Lula.