Sem alarde, em uma análise em tempo recorde de menos de dois meses, o Ministério Público do Estado (MPPE) arquivou a denúncia da bancada de oposição da Assembleia contra o Secretário Estadual de Justiça, Pedro Eurico (PSDB).
Apresentada em fevereiro de 2016, a denúncia pedia que o secretário fosse investigado por facilitar o crime de uso de celular em presídios, que teria sido confessado pelo secretário em audiência pública. “Eu cometo hoje um ato irregular.
Eu dei meu celular em todas as cadeias.
Eu não queria dar meu celular.
Por que?
Porque eu estou admitindo que presos usem o celular.
Mas eu vou ser cínico?
Eu vou mentir?
O celular existe e está lá.
E eu dei o meu celular e disse: liguem a cobrar.
Quem sofrer tortura, quem sofrer vilipêndio, quem tiver informação para dar.
E eles ligam.
Minha mulher não aguenta mais, coitada, porque eles ligam até de madrugada.
Mas tem que aguentar, porque essa é a minha missão”, afirmou Pedro Eurico, durante a audiência pública em 2 de fevereiro deste ano.
O subprocurador-geral Clênio Valença decidiu arquivar a matéria, ou seja, não viu motivos para nenhuma punição contra Pedro Eurico, apesar da admissão pública.
Clênio Valença foi indicado pelo procurador geral de Justiça Carlos Guerra para cuidar de todas as investigações criminais contra políticos com foro privilegiado.
Nos bastidores, a decisão causou um “burburinho” num grupo de promotores e procuradores, que estão fazendo graves críticas contra a atuação de Carlos Guerra no combate da corrupção e crimes do colarinho branco.
Segundo um procurador de Justiça deste grupo, sob reserva, Carlos Guerra não propôs nenhuma operação ou pedido de prisão contra políticos de foro privilegiado em sua gestão, apesar de existirem vários casos rumorosos com supostas provas.
As poucas iniciativas contra políticos foram tomadas por promotores de primeira instância, segundo este procurador, sem a colaboração ou apoio do Gabinete do procurador geral.
Em conversas de corredor e grupos de Whatsapp de promotores, a atual gestão do MPPE tem sido comparada, de forma desabonadora, com a Operação Lava Jato.
Apesar da eleição para procurador geral ser apenas em janeiro de 2017, segundo informações de bastidores, candidatos já se movimentam para tentar barrar a recondução de Carlos Guerra.