Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (6), em Brasília, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) alegou ter ficado surpreso com a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O ministro determinou que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, receba o pedido de impeachment de Temer, protocolado em 21 de dezembro de 2015 por crime de responsabilidade.

LEIA TAMBÉM: > Leia a decisão de Marco Aurélio que manda Cunha aceitar pedido de impeachment de Temer > Ministro diz que Cunha cometerá crime de responsabilidade se não prosseguir com pedido de impeachment contra Temer “Eu apenas pensei, quando li o despacho: ‘Bom, eu acho que tenho que voltar ao primeiro ano da faculdade de direito, para reaprender tudo’.

Eu confesso que digo isso porque isto [o fato de ter assinado decretos sem previsão orçamentária] me agride profissional e moralmente.

Quando sai uma notícia dessa natureza, a tendência é de: ‘Poxa, mas o Temer errou tudo, que coisa feia’.

Fica mal para mim até no campo profissional”, explicou Temer.

O vice-presidente explicou que o pedido de impeachment contra ele não se sustenta, pois ele não cometeu crimes de responsabilidade. “Tenho o maior respeito, mas confesso que fiquei extremamente espantado por uma razão singela: o pedido de imepeachment, quando foi formulado, invocou os decretos que eu, interinamente, assinei como presidente da República, mas esses decretos estavam dentro da lei orçamentária”, ressaltou.

Novas eleições O vice também criticou a proposta defendida por correligionários de convocar eleições gerais para resolver a crise política do País.

O tema foi trazido à tona esta semana pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO) e pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Eu acho que a Constituição prevê mecanismos que já estão sedimentados na nossa ordem jurídica para a solução de qualquer crise política”, disse.

Temer afirmou ainda que convocar novas eleições seria um “jeitinho” e que isso sim agravaria a crise política do País.

Questionado se o impeachment de Dilma seria essa solução, já que o afastamento de um presidente está previsto na Constituição, ele disse que não comentaria essa questão. “Eu fiquei um bom tempo em São Paulo exata e precisamente para não parecer que eu estou trabalhando em qualquer sentido, qualquer direção negativa”, disse.

O vice também afirmou que não considerou um erro o PMDB decidir sair do governo, porque esse era um sentimento majoritário no partido. “Mais de 82% do diretório compareceu (na reunião da semana passada) e disse que queria separar-se, e eu sou obediente ao que o meu partido diz”, afirmou.

A decisão de romper com o governo foi criticada até mesmos por peemedebistas.

Seis dos sete ministros do partido decidiram continuar no governo e não seguir a orientação de entregar os cargos.

A expectativa que as demais legendas da base aliada também rompessem com o governo não se concretizou.

Essas siglas estão negociando com o Planalto para ocupar o espaço deixado pelo PMDB no governo.