Por Pedro Cardoso da Costa Bacharel em direito, em São Paulo Nada de negativo na política surpreende mais os brasileiros.

Quando se pensa que já se ultrapassou o fundo do poço, eis que surgem mais gravações, mais baixarias, mais sujeira, mais cinismo e distorções de todos os lados.

O impeachment agora é golpismo, sob o argumento de que a presidenta foi eleita.

Não dizem que só existe processo de impeachment em democracias e sobre governos eleitos.

O Partido dos Trabalhadores tentou afastar todos os presidentes que o antecederam e, como lhe era conveniente, mencionava sempre que não basta a legalidade, ser eleito – que é necessário legitimidade, apoio popular.

Para os governistas, quem defende o afastamento da presidente é alienado, por conta de que o atual vice-presidente em nada vai melhorar o país.

Não dizem uma vírgula sobre ser a Constituição federal que determina obrigatoriamente a ordem de substituição da presidente.

Também não se clareia sobre o fato de que o vice-presidente foi eleito com os mesmos votos, a mesma legitimidade, a mesma bandeira da presidente.

Formaram uma única chapa.

Não foi a oposição quem pariu esse, agora, extraterrestre.

Lula foi grampeado e gravado falando com a presidente da República sobre sua nomeação para ministro de Estado.

O resto fica por conta das explicações esdrúxulas.

O termo de posse, cuja definição veio depois e sem ser mencionado na conversa, foi enviado para uso “em caso de necessidade”…

Contexto e inteligência mediana são desprezados tranquilamente.

A palavra final, aí, cabe ao Supremo Tribunal Federal.

As conversas gravadas de Delcído Amaral, Aloisio Mercadante e entre Lula e Dilma Roussefff são semelhantíssimas, mas só o senador foi preso em flagrante.

A Justiça brasileira ainda balança e dança conforme a importância do gravado.

O juiz Sérgio Moro foi escolhido como o adversário a ser abatido pelo Poder Executivo.

O crime dele: atuar firme no combate à corrupção.

Em qualquer país mais consolidado institucionalmente, o Poder Judiciário seria respaldado e fortalecido.

Aqui, grande parte da mídia o condena, sob o argumento de querer aparecer.

Ninguém se torna notório apenas porque quer.

Eu busco espaço na mídia para acabar com a sujeira das cidades há 30 décadas e não consegui até agora.

Se algum erro ou excesso foi cometido, puna-se, mas jamais buscar diminuir uma atuação firme e corajosa no combate à corrupção.

Seria incalculável o valor corrompido se não tivesse surgido esse obstáculo.

Até por que, enquanto o esquema está funcionando bem, o cordão não para de crescer na quantidade de pretendentes e nas quantias abocanhadas.

Todos perdem num esquema de corrupção, até quem o defende por ingenuidade, por ideologia ou por qualquer outra razão.

Joaquim Barbosa começou a golpear a corrupção e a certeza de que alguns são inalcançáveis pelas leis.

Não se inibiram e se deram mal em continuar apostando que seria um caso isolado.

Aí apareceu Sergio Moro.

Não sei qual dos dois o Papa Francisco deve beatificar primeiro.

Com relação à corrupção em si, malandramente é difundida por parte da mídia e de políticos, a ideia de que tirar uma cópia de um documento numa máquina do serviço público seria igual a surrupiar 6 bilhões de reais da Petrobras.

Essa má-fé difundida tem o objetivo de proteger o andar de cima e tem o potencial de causar mais danos a todos do que os valores astronômicos desviados dos cofres públicos.