Foto: Lula Marques/Agência PT Por Felipe Cury, gestor público e militante do PT pela Reforma Urbana no Recife, especial para o Blog O Impeachment é o que divide os Brasileiros hoje?
NÃO, NÃO É !
Me deparei com esta pergunta em matéria realizada com o presidente da Data Popular (empresa de pesquisa).
Nunca acreditei nesta tese!
E minha opinião é derivada também da minha militância e convivência prática, empírica, com a parcela da população que é foco central deste texto.
O que realmente divide nossa sociedade é um fator já muito conhecido de todos nós: a diferença de classes.
E o que bem representa esta diferença: falta de oportunidade, igualdade de condições, acesso a bens de consumo, acesso a saúde, educação, cultura, moradia de qualidade. É aí onde se encontra a divisão da sociedade.
Estou falando aqui das chamadas classes C, D, e E a maior parte da população brasileira, a população que ganha abaixo de 3.500 reais.
Esses na sua imensa maioria não estão nas ruas na defesa ou contra o Impeachment, porque sabem que não é impedimento da presidente que irá resolver o problema do Brasil.
Essa parcela acredita num Estado forte, provedor, que garante o mínimo de igualdades de oportunidades e acesso a direitos sociais.
E, hoje, não estão vendo isso nem no governo Dilma (que não conseguiu cumprir as promessas de campanha) e muito menos na oposição e naqueles que estão nas ruas pedindo a saída da Presidente, porque estes não lhes representam.
Um outro conjunto da população, que apoia o impeachment, querem e defendem na sua maioria, um Estado enxuto, mínimo.
Não é prioridade destes, programas sociais tais como: Bolsa Família, o Prouni, Minha Casa Minha Vida, o Mais Médicos, esses acreditam na “meritocracia” onde a pessoa conquista as coisas apenas através do seu talento, da sua capacidade individual (como se no Brasil todos tivessem as mesmas oportunidades, e o mesmo acesso a educação de qualidade) ou seja, estes não falam por essa enorme parcela da população que não estão nas ruas.
As camadas médias e populares não acreditam que o grande problema é a corrupção de um partido (segundo a pesquisa mais de 70% dos Brasileiros já tiveram uma atitude corrupta), porque acreditam que todos políticos são iguais e não vislumbram um futuro promissor, um projeto que possa nos levar a um caminho melhor. “Perder dói muito mais que deixar de ganhar” Meireles (Data Popular) Como fatalmente, diante do cenário de crise no Brasil e no Mundo, o governo tem que fazer ajustes econômicos, nem Dilma, (se continuar com a mesma política econômica), e com certeza, muito menos, outro que entre no seu lugar através de Impeachment, (sem comprovação de nenhum crime de responsabilidade que Dilma tenha cometido) irá resolver o problema do país em curto ou médio prazo.
Portanto, o processo vai ser muito traumático.
Só é possível encontrar um caminho que esteja legitimado pelo povo, e este vai ser chamado a decidir pelo voto em 2018!
Até lá, manifestações, protestos, caminhadas, pressão política fazem parte do jogo democrático.
Como também exercer o papel de oposição com responsabilidade.
Do nosso lado é lutar e pressionar para que o governo assuma seu programa eleito em 2014.
O que de pior pode acontecer neste momento é a ruptura do Estado Democrático de Direito, caso isto aconteça, a tendência é que será muito difícil nosso futuro próximo.
Mais direitos, mais participação popular e democrática!