Foto: Jane de Araújo/Agência Senado Estadão Conteúdo - Menos de uma hora depois da convenção do PMDB que decidiu pelo desembarque do governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deu sinalizações de que não deseja que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff tenha continuidade. “Eu acho que, se esse processo chegar ao Senado, e espero que não chegue, nós vamos juntamente com o Supremo definir o calendário”, afirmou Renan respondendo sobre os prazos que podem ser adotados no Senado caso o processo seja autorizado pela Câmara dos Deputados.
De acordo com ele, a Constituição determina que o processo tramite em até seis meses na Casa.
Quando questionado sobre a razão pela qual não gostaria que o processo chegasse ao Senado, Renan desconversou e preferiu se retirar.
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Segundo ele, o objetivo era preservar a isenção de seu cargo como presidente do Senado. “Eu não fui para não participar desse momento e não influenciá-lo de alguma forma.
Não compareci para não partidarizar o papel que exerço como presidente do Senado Federal”, alegou.
Apesar de o encontro de ontem entre o vice-presidente Michel Temer e Renan Calheiros ter sido entendido como um ponto final na decisão do partido de deixar o governo, Renan afirmou que apenas informou ao vice que não caberia a ele participar desta decisão. “Conversei ontem com o Temer, quando comuniquei que não iria participar da decisão, porque essa decisão não me dizia respeito diretamente”, disse.
O presidente do Senado também voltou a afirmar que o PMDB não tem dono e que é um partido grande, com diferentes correntes.
Na última vez em que o presidente usou estes termos, ele havia se desentendido com Michel Temer, que queria impedir novas filiações ao partido. “O PMDB é um partido grande, é o maior partido congressual, com muitas correntes, e é um partido que não tem dono, é um partido democrático”, afirmou.
Mas preferiu não avaliar se, mesmo com o rompimento, ainda haverá apoios avulsos ao governo e dissidências internas.