Estadão Conteúdo - Depois de pressionar pela saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a parlamentares do PT que “o rapaz” agora está “no lugar certo”, à frente da Advocacia Geral da União (AGU).
LEIA TAMBÉM: » Cardozo diz que pretexto para impeachment é ‘golpe’ e anuncia nova ação no STF » Cardozo começa no STF defesa de nomeação de sucessor no Ministério da Justiça Um mês após a transferência de Cardozo para a AGU, Lula elogiou o antigo desafeto, que conseguiu uma vitória jurídica - ainda em caráter provisório - ao fazer com que o veredicto sobre sua nomeação para a Casa Civil deixe a alçada do juiz Sérgio Moro.
A expressão “o rapaz” foi usada por Lula numa conversa telefônica interceptada pela Polícia Federal com o então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner.
No diálogo, ocorrido na manhã de 1.º de março, Lula dizia que achava melhor não ir mais a Brasília naquele dia para se encontrar com a presidente Dilma Rousseff, como estava combinado, já que, na véspera, Cardozo havia saído da Justiça. » Oposição fala em convocar Cardozo para explicar delação de Delcídio » Advogados públicos discordam de escolha de Cardozo para AGU Wagner concordou ao lembrar que Dilma também se preocupara com a interpretação que seria dada ao encontro. “Depois vão dizer que ele (Lula) só veio aqui pra comemorar o bota fora (de Cardozo)”, afirmou Wagner a Lula, repetindo palavras de Dilma.
Três dias depois, o ex-presidente foi alvo de condução coercitiva da Polícia Federal, no rastro da Operação Aletheia.
Nomeado ministro da Casa Civil em 16 de março, Lula até hoje não conseguiu assumir o posto.
Ações na Justiça questionaram a escolha, sob o argumento de que o ex-presidente, investigado pela Lava Jato, buscava entrar no ministério apenas para obter prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal, escapando de Moro, considerado “parcial” pelos petistas. » Saída de Cardozo é sinal que o barco está afundando, afirma líder do DEM Em resposta à Advocacia Geral da União, comandada por Cardozo, o ministro Teori Zavascki - relator da Lava Jato no Supremo - determinou que Moro enviasse à Corte todas as investigações sobre Lula, incluindo as conversas grampeadas.
Embora Teori não tenha anulado a liminar concedida pelo ministro do Supremo Gilmar Mendes, que suspendeu a nomeação de Lula, a expectativa é que o imbróglio sobre a posse na Casa Civil só seja resolvido pelo plenário da Corte, no início de abril.