Publicitário José Nivaldo Júnior avalia que campanhas vão priorizar mais conteúdo do que forma.

Foto: Reprodução Por Marcela Balbino, do Jornal do Commercio Acabou-se o tempo das extravagâncias eleitorais e das propagandas políticas alinhavadas como roteiros de ficção.

As investigações da Operação Lava Jato combinadas à proibição das doações empresariais e à pressão dos eleitores forçarão os candidatos a manter os pés no chão e deixar de lado as promessas mirabolantes, em grande parte pouco factíveis.

A análise vem de experientes marqueteiros e analistas políticos, cuja avaliação é que o pleito deste ano encerrará o ciclo das campanhas marcadas por grandes produções.

A leitura é que os envolvidos no mercado político vão priorizar o conteúdo e menos a forma. “Duas questões serão fundamentais nesta campanha: a viabilidade do conjunto do que for prometido e a credibilidade de quem promete para fazer as pessoas acreditarem naquilo”, analisa o publicitário José Nivaldo Júnior, que trabalha com política desde 1978.

Em meio a vazamentos de planilhas, doações ilegais e cifras milionárias para candidatos, o histórico de honestidade dos postulantes também será fator decisivo. “Será certamente o mais importante fator na composição da credibilidade do candidato”, acrescentou Nivaldo.

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Segundo ele, os eleitores estarão mais seletivos e mais atentos a candidatos com “passado nebuloso”. “A história de um corrupto não começa caindo de paraquedas no Congresso, mas, muitas vezes, dentro de um município se elegendo para prefeito ou vereador”, afirmou.

Para analistas, as promessas terão que ser feitas com clareza.

Diante da crise econômica e dos recursos escassos, os candidatos terão que trabalhar as prioridades com a população. “Sem dúvida, a pauta eleitoral vai incorporar uma nova abordagem dos serviços.

Por exemplo, o candidato em vez de prometer a expansão dos serviços públicos, certamente vai defender o bom funcionamento das estruturas existentes.

O ciclo das campanhas grandiosas, mirabolantes se encerrou”, pontua o publicitário. “Um gestor não se torna popular por construir, mas por atender aos desejos da população e as necessidades”, reforça Nivaldo Júnior.

Há quatro décadas à frente de campanhas, o marquetólogo Carlos Manhanelli coordena, atualmente, 40 campanhas no Brasil.

Na análise dele, com base em pesquisas, os cidadãos estão em busca de um gerente para a cidade e não salvadores da pátria. “Deverão ter promessas mais coerentes com o que a população precisa”, avalia.