João Vicente Goulart, filho do ex-presidente Jango, ex-presidente cujo governo caiu com a revolução de 1964, criticou a Fiesp, que vem se destacando na defesa do impeachment da presidente Dilma, especialmente após o crescimento da inflação e desemprego, após dois anos de tombo da economia. “Dilma é vítima de um golpe”, diz filho de Jango “Vejo com tristeza que a Fiesp continua com a cabeça em 1964, quando conspirou contra a legalidade e financiou ações golpistas”, afirma João Vicente.
Ele cita que institutos como Ipes e Ibad, em poucos meses, produziram 200 peças de rádio e TV contra Jango, de combate às reformas de base e incitando o anticomunismo. “O empenho dos setores populares, neste momento, deve ser a preservação da democracia.
A ruptura da ordem jurídica dividiria a Nação, colocando no poder quem não tem voto.
A vítima principal seria o povo mais pobre, principalmente os trabalhadores”.
Em entrevista à Agência Sindical, Vicente elogiou as Forças Armadas. “Passados 52 anos, vejo as Forças Armadas alinhadas à legalidade, ao que estabelece nossa Constituição”, diz.
E acrescenta: “A mesma evolução não se vê na Fiesp ou na grande mídia, que fazem campanha pela derrubada do governo”.
Com a experiência de quem viveu 14 anos no exílio e conheceu de perto as articulações pela volta da democracia, o filho do presidente Jango recomenda ações amplas. “É preciso ter unidade no sindicalismo e agregar parcelas da sociedade.
Não importa se a pessoa é conservadora, desde que defenda a ordem jurídica”, diz.
Ao observar que o impeachment está previsto na Constituição, ele ressalva que “tudo isso tem rito e não pode ser atropelado, por algum juiz ou pelo Congresso Nacional”, caso contrário, assinala, “fica claro que existe uma conspirata orquestrada”.
João Vicente elogia nomes do PMDB, como o senador Requião (do Paraná), com quem ele se reuniria ainda ontem (21).
Mas questiona o suposto setor golpista do partido. “Desde 1989, o maior partido do Brasil não lança candidato a presidente.
Temer não tem voto. É diferente de Jango, que, quando vice pela primeira vez, foi mais votado que o próprio Juscelino”.
Para João Vicente, a desestabilização do governo Dilma escamoteia a luta pelo controle do subsolo nacional. “É um velho desejo de parte da elite nacional e dos entreguistas.
Eles querem, de todo jeito, entregar nossas reservas do pré-sal”, completa.