(Foto: Scott Gries/Getty Images for Tribeca Film Festival) Conhecido por investigar a violência e a corrupção policial no documentário “Ônibus 174” e nos dois “Tropa de Elite”, o cineasta José Padilha já tem um novo projeto na mira: os recentes escândalos políticos no Brasil.
De acordo com o UOL, além da segunda temporada de “Narcos”, do Netflix, com Wagner Moura no papel de Pablo Escobar, Padilha conta que vai levar a Operação Lava Jato para a TV internacional. “O objetivo é narrar a operação policial em si e mostrar inúmeros detalhes esclarecedores que a própria imprensa desconhece”, afirmou Padilha à revista “Veja” desta semana.
Ele conta que o projeto será bancado por dinheiro internacional e já tem um título provisório :“Jet Wash” (Em português: Lava-Jato).
Padilha, que vive nos Estados Unidos com a mulher e o filho de 12 anos após uma suposta tentativa de sequestro no Brasil, conta que já a série será baseada em um livro ainda inédito, que traz entrevistas com os envolvidos no escândalo.
Padilha ainda afirmou que não vê motivações políticas na operação. “Toda vez que alguém fala dos indícios avassaladores contra Lula, um petista diz que o PSDB também rouba.
Tenta-se transformar tudo numa questão ideológica.
Mas tudo é caso de polícia”, disse.
A opinião diverge com a do ator Wagner Moura, que divulgou nesta semana um vídeo em que expressa preocupação com a “influência política” no caso. “Minha preferência, como brasileiro, seria a cassação da chapa Dilma-Temer no TSE.
Se o TSE tivesse a coragem de olhar para as campanhas e impugnar as chapas que receberam recursos ilícitos, tenho a impressão de que não sobraria nenhuma chapa relevante.
Uma nova eleição seria o melhor caminho para o Brasil.
Mas não me parece que vá acontecer.
Há muita ingerência política no TSE”, defendeu.
Entre um filme e outro, Padilha lançou um documentário filmado em 2005, “Segredos da Tribo”, feito em parceria com a TV inglesa BBC e a HBO americana, com depoimentos dos índios ianomâmis sobre estudos de antropólogos europeus que pesquisaram a tribo nos anos 1960 e 1970, na fronteira do Brasil com a Venezuela.
Teve melhores críticas que o documentário “Garapa” (2009), sobre a fome no Nordeste.
Mas nenhum dos dois chegou perto da repercussão que teve com “Ônibus 174”, de 2002, sua estreia como diretor.
Ainda engavetou o projeto de um longa sobre o mensalão que já tinha roteiro pronto, título –“Nunca Antes na História deste País”– e até dinheiro prometido do BNDES para a produção. “Mas quem mais vai botar dinheiro nisso?”, pergunta ele, que diz também que o roteiro caducou. “A história mudou muito, teve o julgamento no meio do caminho.”