Por Ayrton Maciel Cinco dias depois das manifestações nacionais de oposição, os atos marcados para esta sexta-feira (18) por governistas, eleitores do governo e defensores da legalidade podem ser o divisor de águas, o marco do futuro da recente democracia brasileira.

Uma grande adesão, não necessariamente igual à da oposição, mas, que ocorra em muito mais cidades - especialmente nas médias e pequenas do interior do País - vai revelar o compromisso de grande parcela da população nacional com a preservação da democracia e com o projeto de inclusão social que tem ressaltado o Brasil aos olhos do mundo.

Uma democracia imperfeita, incompleta e de processo inconcluso, por isso, frágil. É preciso - entretanto - que a convocação para os atos desta sexta-feira não seja para a defesa de um partido, o PT, e do governo na condição exclusiva de projeto no poder. É preciso chamar para a defesa da legalidade, da democracia, do resultado das urnas, da legitimidade do governo Dilma e do projeto includente de governo.

Não pode ser um chamado de oposição às investigações e punição aos envolvidos em crimes de corrupção que têm afetado a normalidade da vida política e econômica nacional (hoje univitalina).

A defesa tem de ser da investigação sobre todos os citados, em todos os governos e todos os partidos, sem seletividade e prioridade.

Essa, inclusive, deveria ser a postura da grande mídia.

No último domingo (13), milhares saíram às ruas - a quase totalidade da classe média (com adesão da classe alta), o que não deslegitima os protestos - em atos previamente convocados, organizados e patrocinados, o que também não lhes confere ilegalidade (exceto por parte dos que pregam regimes incompatíveis com a liberdade e os direitos humanos), tendo a adesão ou apoio de grandes conglomerados da comunicação no País.

Neste último ponto, o que se coloca é a questão ética, nos quesitos imparcialidade e isenção para cobrir, informar e interpretar.

Eram esperadas manifestações maiores, como ocorreram em mais de 300 cidades, capitais e grandes núcleos urbanos.

O que surpreende é o espanto de alguns, não da grande mídia, na avaliação sobre a adesão aos atos.

Afinal, em 2014, a oposição - com Aécio Neves - obteve 51 milhões de votos (a presidente reeleita, Dilma, recebeu 54,5 milhões), e não consta que parcela mínima sequer dos oposicionistas tenha mudado de lado desde então. É preciso reconhecer, porém, que a grande maioria dos 54,5 milhões de votos de Dilma não é composta de petistas.

E a grande maioria, certamente, quer passar o País a limpo.

Convocar os que votaram pela preservação de um projeto de governo de desenvolvimento com inclusão social para fazer a defesa de um partido ou da não-investigação de denúncias ou fatos - que têm afligido o País - põe em risco a dimensão das manifestações.

A ida às ruas é em defesa de um projeto de governo, da legalidade e da democracia.

A defesa de partidos deve ser feita dentro desse contexto maior para o País, no espaço de liberdade que cabe a quem milita.

Ayrton Maciel apresenta-se como jornalista por formação