Por Fernando Castilho, da coluna JC Negócios A revelação de uma conversa do ex-presidente Lula da Silva com a presidente Dilma Rousseff, na qual tenta protegê-lo de uma eventual abordagem da Polícia Federal, revela uma total falta de cuidados da chefe do executivo brasileiro com seus interlocutores e um espetacular descuido de sua segurança institucional com os assuntos de estado.

Um fato que, certamente, deve assustar a partir de agora qualquer chefe de estado que precise falar com ela sobre qualquer assunto.

O problema não é Lula não tomar cuidados com o que diz ao telefone.

O problema é Dilma Rousseff, a presidente da Republica, falar com ele ao telefone sobre esse tipo de assunto sem manter uma compostura que é obrigação de uma chefe de governo.

Era evidente que o telefone de Lula poderia estar sendo grampeado com autorização da Justiça Federal de Curitiba que investiga a Lava Jato.

A presidente, pelo cargo que ocupa, não poderia jamais falar sem cuidados de segurança.

O governo brasileiro gastou um enorme volume de dinheiro para proteção de conversas entre a presidente e seus interlocutores e ela os despreza?

Existem no mercado de comunicação milhares de softwares de criptografia, misturadores e detectores de gravadores de arquivos digitais.

Ela jamais poderia ter esse tipo de comportamento e se falasse deveria saber que há sempre o cuidado de gravação.

E o mais importante: manter a compostura que o seu cargo exige.

Lula falar o que fala, dizer palavrões, ser grosseiro e agredir o vernáculo é perfeitamente normal.

Sendo ex-presidente não goza de foro privilegiado e, portanto, seus telefones não precisam ter cuidados.

Lula não precisa, mas Dilma sim.

Esse tipo de dialogo revela não apenas uma subordinação constrangedora de Dilma a seu novo ministro da Casa Civil. É como se prestasse contas a ele.

Ao mandar um documento como Termo de Posse, ela revelou que havia sim o temor de que uma unidade da Polícia Federal pudesse interceptá-lo.

Mas não precisava ela mesma falar com ele sobre a remessa de um documento desse porte.

Qualquer subordinado poderia informá-lo.

Portanto, o absurdo da situação não o ter conversa entre Dilma e Lula, mas que a presidente de der ao desfrute de tratar disso com alguém que está sob investigação federal.

Chega a ser irresponsável de sua parte.

Há uma obtusidade córnea dos integrantes do PT em dizer que enviando o termo de posse como ministro da Casa Civil para ele usar “se necessário” ou que o áudio divulgado não tem nada de comprometedor.

E mais ainda que o juiz Sérgio Moro está extrapolando as suas atribuições. É comprometedor e constrangedor ouvir a Chefe de Governo falar sobre isso.

Esse argumento torto de que existe distorção das responsabilidades do Ministério Público e da Polícia Federal na gravação do áudio é equivocado.

Gravação com autorização de juiz é prova.

Transformar um termo de posse num um “salvo conduto” a um acusado é obstrução de Justiça.

Podemos achar absurdo que esse grampo tenha sido revelado.

Mas imagine se houvesse mesmo uma unidade da Polícia Federal esperando o ex-presidente e ele usasse o referido documento?

Infelizmente revela o quanto Dilma Rousseff perdeu a capacidade de governar.

Ontem à tarde ela simplesmente perdeu a compostura do cargo.

Ainda que tentasse ajudar o seu líder e mentor.

A instituição Presidência da República não pertence a ela nem ao PT ou a Lula.

Não pode ser tratada com tamanho descaso.

A presidente envergonhou diante da nação o cargo que ocupa.