O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), vice-líder da Minoria na Câmara dos Deputados, disse, nesta segunda-feira, que não adianta o ministro da Justiça, Wellington César Lima e Silva, deixar o cargo de procurador-geral adjunto da Bahia, como fez, para corrigir uma suposta inconstitucionalidade. “Se quiser ser ministro da Justiça, ele terá de deixar o Ministério Público, ou seja, pedir exoneração do cargo efetivo”, explicou o parlamentar pernambucano.

Raul Jungmann afirmou que são boas as expectativas de vitória no Supremo Tribunal Federal na ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) proposta para anular a nomeação do novo ministro.

Mendonça Filho apresentou o pedido, na semana passada. “Diante da vasta jurisprudência do Supremo sobre o assunto, a ADPF deve ser acatada no julgamento desta semana”, analisou.

Jungmann lembrou que o STF já julgou Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) e definiu, por unanimidade, que é inadmissível a licença de membro do Ministério Público para o exercício dos cargos de ministro, secretário de estado ou seus substitutos.

Entretanto, o Conselho Nacional do Ministério Público entendeu ser possível a nomeação de procuradores e promotores para funções estranhas à carreira e ao magistério. “Assim, é flagrante a inconstitucionalidade dessa orientação do CNMP, pois violação frontalmente a Carta de 1988”, afirmou.

Na ação, Raul Jungmann, que ajuizou a ADPF em nome do PPS, alega que o exercício do cargo de ministro da Justiça por Lima e Silva viola o princípio constitucional da separação dos poderes, do qual deriva a independência funcional do Ministério Público.

Segundo o deputado, o artigo 128 da Constituição veda expressamente que promotores e procuradores de Justiça exerçam qualquer função fora da carreira, salvo a de professor. “A única exceção a essa regra se refere àqueles que já estavam na carreira quando da promulgação da Constituição de 1988 e que optaram pela legislação anterior, o que não é o caso de Lima e Silva”, observou o pós-comunista.

O ministro é membro do Ministério Público da Bahia desde 1991 e, por isso, para assumir a pasta da Justiça teria de se exonerar do MP. “Ao assumir o cargo de ministro, ele passa a ser auxiliar do Poder Executivo, uma subordinação expressamente vedada aos membros do MP”, finalizou Raul Jungmann.