Por Ayrton Maciel, jornalista, especial para o Blog Uma análise de quem há 25 anos julga processos e toma decisões com base na Constituição.

As críticas do constitucionalista e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, ao juiz Sérgio Moro e sua determinação de condução coercitiva do ex-presidente Lula para depoimento na Polícia Federal não podem ser mais abalizadas do abuso cometido. “Só se conduz coercitivamente ou, como se dizia antigamente, debaixo de vara, o cidadão que resiste e não comparece para depor.

E o Lula não foi intimado”, disse o ministro.

As declarações podem ser lidas em sites, blogs e redes sociais.

A grande mídia monopolista - as grandes redes de TV e jornais de circulação nacional - mal tocou nas críticas.

Um silêncio que agride o jornalismo tal qual estudamos e a democracia permite e deseja. É este o papel da imprensa?

Como fica o princípio do contraditório?

E o da escuta dos dois lados ?

E o da publicação das variadas versões?

A imprensa está cumprindo o seu real papel?

A ordem judicial do juiz Sérgio Moro, do Paraná, que conduz a Lava Jato, de determinar a condução coercitiva do ex-presidente Lula, na sexta-feira (04), está se consolidando, no entendimento de parcela representativa do pensamento jurídico nacional, como desnecessária e abusiva.

Terminou em um show midiático.

E, agora, sabe-se, programado por vazamentos.

O excesso de autoridade e a precipitação são atitudes que comumente se compõem em decisões nas quais quem detém o poder se deixa cegar pelo mandato que ocupa.

Um juiz tem um mandato, que não lhe foi dado pelo povo, mas por sua capacidade testada, e que é igualmente legítima.

Sérgio Moro também não está acima da lei.

Muito menos da Constituição.

A imprensa igualmente tem um mandato.

O de divulgar, com liberdade de expressão, mas sem prejulgamentos, os fatos.

Ao prejulgar, condena.

Ao omitir, contribui para a sentença.

Torna-se justiceira.

Um e outro, juiz e jornalistas, nos abusos, acabam carrascos do Estado de Direito.

Carrascos da democracia.