As ironias do destino muitas vezes são crueis.

Um dia depois de entrar na franquia do PT no Recife, afirmando que chegava sem medo de ser feliz, a vereadora Marília Arraes acorda com a notícia de que o ex-presidente Lula estava sendo levado sob coerção para depor na Polícia Federal, em meio à operação Lava Jato.

Militante do PSB por mais da metade dos seus 31 anos, Marília ingressa agora no PT, após ter tido sua ficha de filiação abonada por ninguém menos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no último sábado (27), durante as festividades dos 36 anos do PT, no Rio de Janeiro.

Cerca de 200 agentes da PF e 30 auditores da Receita Federal cumprem, ao todo, 44 mandados judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia.

São investigados crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros, relacionados à Petrobras.

A determinação da busca e apreensão é do juiz Moro, de Curitiba.

A ação é realizada um dia após ser revelado um acordo de delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS).

O parlamentar revelou que Lula mandou comprar o silêncio de Nestor Cerveró e de outras testemunhas.

Detalhes do acordo foram veiculados pelo site da revista “IstoÉ”, que publicou reportagem com trechos dos termos de delação.

A informação de que Delcídio fechou acordo de delação premiada foi confirmada à Folha por pessoas próximas às investigações da Lava Jato.

O senador também diz que Dilma Rousseff usou sua influência para evitar a punição de empreiteiros, ao nomear o ministro Marcelo Navarro para o STJ.

O ministro Teori Zavascki, do STF, decidirá se homologa ou não a delação.

A vereadora Marília Arraes oficializou a sua filiação ao Partido dos Trabalhadores, em cerimônia no plenário da Câmara Municipal do Recife, na noite desta quinta-feira 3 de março.

O evento contou com a participação do senador Humberto Costa, do superintendente da Sudene e também ex-prefeito do Recife, João Paulo, o presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro, do ex-presidente do PSB, Roberto Amaral, do secretário de Organização do PT Municipal, Felipe Cury, além da deputada estadual Teresa Leitão. “Chego ao PT para somar.

Mais uma para lutar com as forças populares para continuar trabalhando por uma gestão mais transparente e que, efetivamente, coloque a máquina pra moer para quem deve, por uma cidade mais humana, com mais espaços públicos, mais mobilidade, mais transporte coletivo de qualidade, participação popular de verdade.

Bandeiras que tenho defendido no mandato que cumpro na Câmara Municipal”, afirmou a vereadora.

Marília concluiu o discurso feliz e animada para participar de um momento de transformação dentro da política. “Chego ao Partido dos Trabalhadores com o coração aberto, cheio de garra e, principalmente, sem medo de ser feliz”, concluiu a vereadora.

Para João Paulo, o ex-prefeito do Recife, a vereadora tem uma importância ímpar dentro do partido. “Marília traz o laço de uma luta e da história do ex-governador Miguel Arraes.

Uma militante política de esquerda, uma parlamentar competente e atuante, ela tem a força da juventude e da mulher e vem para somar, a meu ver, a força do Partido dos Trabalhadores”, completou o superintendente da Sudene.

Um dos discursos mais aplaudidos foi o do ex-presidente do PSB nacional, o ex-ministro Roberto Amaral.

Emocionado, Amaral lembrou que, em 1989, filiou Miguel Arraes ao PSB. “Estou aqui para defender a escolha de Marília pelo PT.

A esquerda brasileira precisa do PT.

Temos que defender o PT”, destacou. “Agora, Arraes está no PT”, finalizou.

ALETHEIA Aletheia é uma palavra grega que significa “verdade” e, também, “realidade”, “não-oculto”, “revelado”, entre outras asserções.

Na filosofia, notadamente nos escritos do alemão Martin Heidegger (1889-1976), o sentido original de “revelação” é recuperado: para o pensador, aletheia é a verdade objetiva, desvelada, contrapondo-se à verdade descrita convencional.

O termo é comumente usado na psicologia também, quando se trata da busca por uma verdade além das aparências.

Heidegger, um dos mais influentes filósofos do século 20, teve a reputação tisnada por colaborar com o nazismo, mas sua obra permaneceu.