Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados Estadão Conteúdo - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, comparou a participação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no esquema de corrupção da Petrobras com o mito de Hermes, da mitologia grega, e disse que uma das práticas para êxito na política é a “capacidade de se envergonhar”.

O mito diz que Zeus, preocupado com a decadência da raça humana, enviou à Terra Hermes com dois atributos especiais para corrigir os desvios e obter êxito na prática lícita da política: a preocupação com o direito alheio e a capacidade de sentir vergonha.

Durante a fala aos ministros no julgamento da denúncia contra o peemedebista no âmbito da Lava Jato, Janot chamou o esquema de “propinolândia” e destacou a atuação do parlamentar para manter o recebimento de recursos ilegais.

O procurador-geral afirmou que o parlamentar “engendrou a fórmula através do qual ele geria o propinoduto”.

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No entanto, não é direito do acusado conhecer provas que não lhe diz respeito e que tratam de fatos distintos tratados naquele inquérito”, argumentou o procurador sobre recursos da defesa para ter acesso a documentos durante as investigações.

Ele pediu a condenação de Cunha pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e da ex-deputada Federal Solange Almeida (PMDB-RJ) por supostamente ter participado de pressão pelo pagamento de valores retidos, incorrendo em corrupção passiva.

O pedido foi feito ao Supremo em agosto do ano passado.