O vice-líder do governo Dilma Rousseff, deputado federal Sílvio Costa (PTdoB), parece não ter gostado nem um pouco da decisão do Partido dos trabalhadores de apresentar, durante a comemoração de 36 anos do partido, um plano econômico paralelo, com objetivo de pressionar a presidente e apontar saídas para a crise. “O momento é de reflexão e de responsabilidade com o País.

O documento do PT que propõe o uso de reservas cambiais para criar um Fundo Nacional de Desenvolvimento e Emprego e o aumento de 20% nos valores do Bolsa Família revela uma visão equivocada dos problemas e das reais necessidades do País para superar as dificuldades atuais da economia”, diz Silvio Costa.

Batizado de Programa Nacional de Emergência, o plano propõe o uso de parte das reservas internacionais destinado à criação de um Fundo Nacional de Desenvolvimento e Emprego, “radicalização” dos mecanismos de distribuição de renda, além de forte redução da taxa básica de juros e volta da CPMF, compartilhada entre União, Estados e Municípios e ainda reajuste de 20% nos valores do Bolsa Família.

A presidente Dilma já disse que é contra a utilização de reservas para o enfrentamento da crise.

Na lista das medidas sugeridas para sair da crise estão ainda reajuste de 20% nos valores do Bolsa Família, recriação da CPMF, tributação de juros sobre capital próprio, cobrança de impostos sobre lucros e dividendos - eliminando a isenção do Imposto de Renda sobre pessoas físicas e jurídicas -, além da adoção do imposto sobre grandes fortunas e de regime progressivo para o Imposto Territorial Rural sobre propriedades produtivas.

Confira a íntegra da nota do deputado Silvio Costa: O momento é de reflexão e de responsabilidade com o País.

O documento do PT que propõe o uso de reservas cambiais para criar um Fundo Nacional de Desenvolvimento e Emprego e o aumento de 20% nos valores do Bolsa Família revela uma visão equivocada dos problemas e das reais necessidades do País para superar as dificuldades atuais da economia.

Se a presidente Dilma acatasse a proposta de uso de recursos das reservas internacionais, os brasileiros iriam assistir a maior fuga de capitais e de investidores da história recente do País.

Esse tipo de proposta só iria aumentar o descrédito do Brasil na comunidade internacional, uma situação que o governo da presidente Dilma luta para inverter o mais rápido possível. É, também, uma proposta ingênua quando observada dentro dos fundamentos econômicos que alicerçam hoje a economia mundial.

O aumento de 20% nos valores do Bolsa Família, simultaneamente, não sobrevive a um outro questionamento básico da economia: de onde tirar o dinheiro para pagar o benefício?

Essa proposta caracteriza-se como típica demagogia em um momento de grandes dificuldades que têm exigido o sacrifício de todos os setores nacionais.

Lamento, ao mesmo tempo, que o PT não tenha sido compreensivo e claro em relação à necessidade de uma reforma da Previdência, imperativa hoje ao País, cujos efeitos irão assegurar os benefícios às gerações futuras do Brasil.

Falo como aliado do governo e do PT. É preciso ser claro quanto à reforma da Previdência: o PT é contra ou a favor?

O momento do Brasil demanda posturas de Estado.

Tenho consciência que o PT, em sua vida orgânica, precisa adotar o diálogo com suas bases sindicais e sociais, porém, a melhor contribuição ao País e a melhor forma de se fazer entender nesse diálogo é falar a verdade.

O momento nacional não é de aventura com o futuro dos brasileiros.

O governo da presidente Dilma governa com o olhar no futuro e a responsabilidade com as próximas gerações.