Por Marco Aurélio, vereador do Recife O agravamento da crise econômica traz efeitos diretos para as administrações públicas em todo o país.

De acordo com levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), 98% das cidades brasileiras são afetadas pelo período de recessão.

Apenas cerca de 51%, das 5.568 prefeituras existentes no Brasil, estão conseguindo fechar as contas de 2015.

Isso significa dizer que quase a metade delas convivem hoje com adversidades como o parcelamento do décimo-terceiro salário para os servidores.

Nesse cenário de queda acentuada de receitas entra em cena a redução patente nas transferências obrigatórias e voluntárias de recursos da União, ao mesmo tempo em que Estados e Municípios precisam manter os serviços ofertados à população, abrindo, inclusive, margem para a discussão em torno de um novo Pacto Federativo.

O período de crise, no entanto, deve também ser marcado pela capacidade de ir além, de encontrar caminhos com trabalho e planejamento. É nos momentos de dificuldades que os gestores verdadeiramente eficientes se destacam.

Exemplo disso é o caso do Recife, que, diferente da realidade vivida por centenas de gestões de municípios brasileiros, vem honrando compromissos, cumprindo com o pagamento do funcionalismo em dia, sem abrir mão de entregas importantes para a população.

Entre elas estão a construção de 22 novas escolas e creches, a consolidação de equipamentos de saúde mais modernos, como as Upinhas, além de ações emblemáticas como a Via Mangue, aguardada há mais de 15 anos e que demandou um investimento total superior a R$ 400 milhões.

Ciente da importância de dinamizar a economia local, o poder público municipal injetou, num intervalo de 30 dias, quase meio bilhão de reais com a soma do décimo-terceiro salário e das folhas de novembro e dezembro do ano passado.

Em nenhum momento, houve na capital pernambucana atraso de salários.

Nos últimos três anos, mesmo depois do início da crise econômica, foi concedido um aumento acumulado médio de, no mínimo, 17%.

Com diálogo e responsabilidade, foram criados novos Planos de Cargos, Carreiras e Vencimentos, como ocorreu com agentes da Guarda Municipal e músicos da Orquestra Sinfônica, cujo reajuste foi concedido este ano.

A gestão também avançou ao contratar, desde 2013, mais de 3,3 mil pessoas por concurso público, principalmente em áreas como saúde e educação. É diante desse contexto, de compreensão sobre a profundidade da crise e o nível de responsabilidade necessário em períodos como este, que a Prefeitura do Recife vem, permanentemente, dialogando com os servidores municipais, durante as rodadas de negociação.

Como já se sabe, a queda de receitas exige do poder público o controle rigoroso do que é investido na folha de pagamento, para o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e manutenção dos serviços oferecidos à população.

Ainda assim, a Secretaria de Administração e Gestão de Pessoas do município apresentou uma proposta que assegura o reajuste dos salários do funcionalismo, mas desde que haja crescimento da Receita Líquida Real (RLR).

Desta forma, os servidores podem ter até 7,5% de aumento neste ano, a depender do balanço financeiro registrado a cada bimestre.

Em fases como a que o país atravessa é preciso saber encontrar caminhos, mas tendo sempre a responsabilidade fiscal e social como premissas.

Portanto, a gestão municipal segue fazendo os cortes necessários sem deixar de cumprir compromissos importantes, como a conclusão do primeiro Compaz, previsto para março deste ano, além do primeiro Hospital da Mulher de Pernambuco.

A hora é de união e também de compreensão de todos.

As demandas salariais dos diversos segmentos do funcionalismo público são importantíssimas, mas o bom gestor deve sempre levar em conta a manutenção e o desenvolvimento de toda a cidade.

Com cada vez mais trabalho, planejamento e inovação.