No último dia Seminário Internacional sobre a Corrupção e Estado de Direito, realizado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), o juiz Rafael de Menezes, vice-presidente da União Internacional de Magistrados (UIM) se disse impactado e assustado com a atual situação do Brasil, no que diz respeito à corrupção. “Depois do mensalão pensei que iria demorar pelo menos uns 20 anos para acompanhar um escândalo igual.

Então é incrível como os políticos e autoridades envolvidas nos esquemas de corrupção não têm medo, é impressionante.

Por isso fico assustado, impactado e envergonhado como brasileiro, mas vejo que a esperança está no Judiciário”, disse o juiz.

De quarta-feira (24) até hoje, o TRE-PE realizou o Seminário em parceria com a Escola Judiciária Eleitoral de Pernambuco e a União Internacional de Magistrados e abordou os temas: A Dimensão Ética do Combate à Corrupção, Dimensão Internacional do Combate à Corrupção e Partilha de Boas Práticas.

Em entrevista ao Blog de Jamildo, o juiz Rafael de Menezes destacou a importância da educação no combate à corrupção. “O futuro passa pela educação, pois só assim o eleitor vai perceber que os políticos que estão no poder não caíram ali por acaso, chegaram porque foram eleitos.

Então cabe ao cidadão, com educação, saber que seu voto não tem preço, tem consequência e precisa estar bem atento quando escolher seus candidatos”, disse.

A palestrante mais aguardada era a ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmem Lúcia, Mestra em Direito Constitucional, porém por motivos desconhecidos ela não pôde comparecer ao evento.

Carmem será a próxima presidente do STF, substituindo Ricardo Lewandowski. “Faço um apelo que o eleitor esteja consciente de em quem vai votar, temos vereador, prefeito então enquanto o eleitor não tiver consciência de que o nosso problema só será resolvido através do voto, vai demorar para termos um combate mais efetivo à corrupção”, concluiu Rafael de Menezes.

Na quinta-feira (25), o juiz do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Mozart Valadares, ao abordar o tema Reforma Política e o Combate à Corrupção, relembrou alguns momentos da história política brasileira, como o Impeachment e o escândalo do Mensalão, citando o lado positivo, tanto da pressão social que conseguiu destronar um presidente da República quanto a atuação da justiça ao prender o chefe da Casa Civil, José Dirceu, pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha.

Para o magistrado, as reformas políticas são necessárias e imprescindíveis, mas elas por si só não eliminam e nem suavizam as práticas de corrupção no país. “Os novos escândalos deixam claro que o cerne do problema está no Executivo e no Legislativo.

A classe política não deseja a reforma, porque deseja se manter no poder.

Minha opinião é que temos que repensar e refletir sobre um modo de fazer a sociedade se mobilizar para erradicar esta mazela no País”, acrescentou o juiz.

O evento aconteceu na sede do Tribunal, na Sala de Sessões do pleno e foi direcionado aos Juízes Eleitorais da Região Metropolitana e servidores do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, com direito a certificado e a ressalva de que não haverá o pagamento de diárias.

O presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, Antonio Carlos Alves, o diretor da Escola Judiciária Eleitoral de Pernambuco, Alexandre Pimentel e o vice-diretor da Escola Judiciária Eleitoral de Pernambuco, Roberto Pinheiro também participaram do seminário.