Na noite desta terça-feira (23) – durante votação, pelo Plenário do Senado, do projeto de conversão da Medida Provisória (MP) 692/2015, que eleva a tributação dos ganhos de capital para pessoas físicas – o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) fez um firme alerta: o setor produtivo e empreendedor poderá entrar na “clandestinidade”, aumentando-se a sonegação fiscal no país, em virtude dos sucessivos aumentos da carga tributária brasileira.
LEIA MAIS: » Senado aprova maior espoliação sobre imóveis aumentando IR sobre ganhos de capital “Estamos querendo taxar ganhos de capital, patrimônio e também a produção.
Estamos aumentando o IPI e o ICMS.
Estamos na contramão da história”, disse o senador. “Estamos assistindo o mesmo filme (de 2015).
Não temos um diagnóstico completo (sobre a real crise fiscal e econômica do país).
Temos uma recusa do governo federal a cortar despesas.
E é importante cortar despesas em um momento de recessão econômica como a que estamos vivendo”, disse Fernando Bezerra Coelho.
A MP 692/2015 faz parte do ajuste fiscal do governo federal, iniciado ano passado, e altera a tributação sobre o ganho de capital – diferença entre os rendimentos recebidos com a venda de um ativo (como ações e imóveis) e o custo de aquisição. “Da forma que o país vai indo, não vai bem.
E não vai bem porque o governo não quer reconhecer o tamanho da dificuldade e nem a apresenta para a sociedade brasileira na dimensão que tem que ser apresentada”, afirmou o senador.
Nesta quarta-feira, na coluna JC Negócios, Fernando Castilho cita artigo no jornal Valor Econômico, de Luiz Gonzaga Belluzzo.
Luiz Gonzaga Belluzzo lembrou estudo do Credit Suisse no Global Wealth Databook 2015, que mostrou que 62 indivíduos detinham a mesma riqueza que 3,6 bilhões de pessoas.
Belluzzo usa o dado para falar sobre juros.
Ele critica a adoção da ideia do controle do déficit, dizendo que a economia brasileira apresentou superávits primários de 1997 a 2013, mas o debate fiscal esconde que dos R$ 613 bilhões de déficit nominal, foram pagos aos bancos juros de R$ 501 bilhões.
Mas os “economistas do mercado” convenceram os cidadãos da necessidade de se sacrificar, aceitar cortes nos gastos sociais e abdicar dos direitos de resistir à destruição da economia.