O líder do PSDB e presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara de Vereadores do Recife, André Régis, coordenou nessa segunda-feira (22) a terceira edição da “operação volta às aulas” durante a qual avalia as escolas vinculadas à rede pública mantida pela PCR.
As informações recolhidas são comparadas e agregadas ao projeto Raio-X das Escolas em cujo site consta informações completas sobre cada uma das 320 unidades de ensino público incluindo problemas estruturais, médias das escolas no IDEB, temperatura e iluminação nas salas de aula, higiene, fardamento, material escolar, segurança entre outros itens.
De posse dos primeiros relatórios resultantes das visitas - uma amostragem cobrindo dez por cento do total de escolas -, André Régis advertiu que o cenário escolar público continua adverso e prejudicial para as crianças.
Ele afirmou que o sistema não tem condições de oferecer uma educação de qualidade para os mais pobres.
Os dados obtidos com a aplicação de questionários nas unidades visitadas revelam que 90% das escolas apresentam infiltrações, 100% delas estão sem parquinhos e sem quadras de esportes, 60% não possuem salas de professores, 50% não dispõem de bibliotecas e nem de laboratórios de informática ativos, 70% apresentam fiações expostas e 40% funcionam com gambiarras, há riscos de desabamentos em 40% das escolas e existem esgotos a céu aberto em 40% delas.
Além disso, a metade das escolas visitadas não dispõe de extintores de incêndio e em 80% não há cuidadoras em salas de aula para alunos especiais.
O parlamentar informa ainda que não há monitores para o ensino de robótica às crianças e que 70% das unidades de ensino ainda não receberam o fardamento escolar para distribuir com os alunos.
Ele disse que a escola Karla Patrícia recebeu fardamentos confeccionados com o padrão de dois anos atrás, o que leva ao questionamento sobre as razões pelas quais aquelas fardas não foram distribuídas na época oportuna e por que estariam estocadas.
André Régis denunciou que há relatos de casos de dengue em 70% das escolas, de zica em 30% delas, de chikungunya em 90% e de conjuntivite em 30% das unidades pesquisadas.
Ele acha que a amplitude dos problemas encontrados não permite que o sistema seja considerado, de fato, uma rede de ensino. “Ficamos decepcionados com o fato de o prefeito Geraldo Júlio, inclusive com a presença de alguns vereadores desta casa, ter inaugurado na ultima sexta-feira a escola Manuel Torres, no bairro de Boa Viagem, num ato para o qual ele foi extremamente mal assessorado porque a referida escola, para 500 alunos, não dispõe de um único extintor de incêndio e sem que as normas de segurança não tenham sido cumpridas.
O corpo de bombeiros não daria permissão para a escola funcionar”, disse Régis. “Em relação aos padrões anteriores a escola é muito melhor, mas é inaceitável que lá não haja sabão para que as crianças lavem as mãos.
O prefeito inaugurou a escola sem uma quadra poliesportiva, apesar de existir um terreno baldio ao lado.
Por que não desapropriar o terreno para erguer uma quadra esportiva, já que esta casa já autorizou varias desapropriações de interesse público?”, questionou o vereador.
André Régis opinou que o problema da rede pública de educação é sobretudo de mentalidade.
A rede, segundo ponderou, não é um fracasso apenas pela falta de recursos, pois a Prefeitura destina cerca de um bilhão de reais por ano ao sistema.
Cada aluno custa 900 reais por mês. “É um fracasso por causa da mentalidade que administra.
Uma mentalidade inclusive preconceituosa que trata o filho do pobre como não tendo o direito a brincar.
Como é possível não se ter um único parquinho numa rede municipal de ensino de 320 unidades”, disse. “A escola Abílio Gomes, em Boa Viagem, libera os alunos mais cedo porque eles não têm o espaço de recreação.
Há escolas onde encontramos larvas do mosquito da dengue, fato que demonstra o fracasso de gestão na rede municipal de escolas do Recife,” concluiu.