Por Osvaldo Matos, publicitário e sociólogo em seu livro A Lei do Cão Era dia de sábado, no começo da década de noventa.
O delegado tinha acabado de sair do trabalho, após um dia extremamente tumultuado, com brigas de vizinhos e brigas de prostitutas.
Elas haviam arrancado uma o cabelo da outra, mais ainda briga de traficantes de drogas.
O delegado resolveu passar no posto onde ele abastecia o carro e encontrou os amigos comendo uma feijoada tradicional da cidade.
O dono do posto aproximou-se, ao ver o delegado na mesa, sentou-se e começou a conversar.
Quando o delegado chegou no local, por ser uma cidade pequena, todo mundo sabia quem ele era, sempre foi uma pessoa muito simpática.
Passado pouco tempo, chegou um guarda militar fardado e começou a beber com eles.
Em um determinado momento, veio um empresário rico que bateu na mesa e disse: - Traz bebida para estes meganhas, só assim eles podem beber o que é bom.
Os dois são lisos, não têm dinheiro.
Traz aí um whisky para eles.
O delegado tentou levar na espontânea, mas o guarda, o cabo velho, não quis levar a ofensa para casa e, imediatamente, tascou a mão no empresário.
A tapa foi tão forte que o empresário caiu.
Com isso, fez-se um tumulto, pois o empresário era conhecido não pela valentia, mas pela maldade e pela covardia.
O empresário levantou-se, não quis discutir e foi embora.
O delegado e o cabo velho permaneceram no local.
O delegado estava intrigado e recebeu uns conselhos do dono do posto: - Leve ele até em casa, não vão sozinhos e tenham cuidado.
Chamem alguém. - Não precisa chamar alguém, todo mundo viu.
Não é possível acontecer alguma coisa.
O delegado e o cabo velho já estavam embriagados, quando o empresário, dono do posto, resolveu acompanhar os dois até casa, muito próxima do local onde estavam.
Ao saírem do posto, avistaram, próximo à casa do policial, um carro seguindo o carro deles.
Ao chegarem à casa do policial, viram a esposa do delegado na porta de casa, costume dela esperá-lo.
Não deu tempo para nada: dois carros chegaram na rua e fuzilaram de forma brutal e desumana todos que estavam no carro.
Foram mais de duzentos tiros de escopeta, de espingarda e de pistola ponto quarenta.
Um fuzilamento nunca visto na história da cidade de Tropicana.
A polícia saiu na caça do empresário rico, mas ele já havia se evadido da cidade e, até hoje, nunca foi encontrado.
Seus bens permaneceram nas mãos dos filhos: suas lojas e fazendas.
Como nunca foi encontrado, o crime nunca foi esclarecido, apesar das provas circunstanciais.
O que chamou mais a atenção foi a fúria com que foi tomada a iniciativa.
Além do delegado e do policial, também foi morto o dono do posto.
Mais uma vez, o poder econômico falou mais alto.
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