Príncipes de sangue plebeu e nobre Roberto Numeriano, em artigo enviado ao Blog Há uma grita geral em Pernambuco, pelas redes sociais, ante o anúncio da nomeação e posse do filho do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, como chefe de gabinete do poder executivo estadual.

Ainda praticamente nos cueiros, o menino se chama João Campos.

Não gosto dessa prática política, mas não há nenhuma ilegalidade nela.

Parlamentares de esquerda e direita, chefes de executivo de todas as esferas nomeiam as parentelas dos seus líderes / chefes políticos, e também seus parentes em linha direta.

A crítica, sobretudo de quem se filia ao pensamento da esquerda socialista (se quer mesmo ser coerente), deve se estender a todos.

Aqui mesmo em Pernambuco há em alguns partidos de esquerda parlamentares nomeando seus apaniguados de família (“príncipes plebeus”, por assim dizer) para cargos comissionados polpudos.

E até agora não li ninguém berrando nas redes sociais.

Então, vamos combinar: se calamos para essa prática política no mínimo aética, quando na seara da esquerda, jamais poderemos apontar o dedo acusador para os “príncipes de sangue nobre”.

Ou varremos da política esse prebendalismo medieval por meio de leis, ao mesmo tempo sem praticá-lo, ou tratamos de silenciar. É preciso parar com essa hipocrisia antiga de se passar como vestal da moralidade política quando nossos pés estão também atolados na lama.

Roberto Numeriano é jornalista, cientista político e professor.