Magdalena Gutierrez/Instituto FHC Da Agência O Globo A jornalista Mirian Dutra, com quem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso manteve um relacionamento extraconjugal, afirmou que a Brasil S.A.
Exportação e Importação ajudou o ex-presidente a enviar recursos ao exterior.
O montante era destinado a Mirian e a seu filho, Tomás Dutra.
Em entrevista à “Folha de S.
Paulo”, a jornalista disse que a transferência ocorreu por meio da assinatura de um contrato fictício de trabalho, com validade entre dezembro de 2002 e dezembro de 2006.
Procurado pelo GLOBO, o ex-presidente ainda não retornou às ligações.
No documento, a Eurotrade Ltd., empresa da Brasil S.A.
Exportação, aparece como contratante de “serviços de acompanhamento e análise do mercado de vendas a varejo a viajantes”.
O contrato de US$ 3 mil mensais previa pesquisas “tanto em lojas convencionais como em duty free shops e tax free shops” em países da Europa, mas Mirian, que trabalhou na TV Globo, diz que jamais pisou em uma loja convencional ou em um duty free.
LEIA TAMBÉM: > FHC contraria PSDB e defende existência do PT > FHC rebate Cerveró e diz que compra de empresa argentina foi exemplar > Nestor Cerveró cita propina de US$ 100 milhões ao Governo FHC na venda da Pérez Companc A Brasif, na época, explorava as lojas de free shops nos aeroportos brasileiros e Fernando Henrique presidiu o país entre 1995 e 2002.
O acordo, segundo a jornalista, foi articulado pelo lobista Fernando Lemos, que era casado com sua irmã, Margarit Dutra Schmidt.
Ao jornal, Fernando Henrique admitiu manter contas no exterior e ter mandado dinheiro para Tomás, mas negou ter usado a empresa para bancar a jornalista.
O empresário Jonas Barcellos, dono da Brasif, não desmentiu o acerto, segundo a “Folha”. “Tem alguma coisa mesmo sim”, disse Barcellos, acrescentando: “Eu só não sei se era contrato”.
O ex-presidente manteve um relacionamento extraconjugal com Mirian nos anos 1980 e 1990, período em que a jornalista ficou grávida.
Ela alega que Tomás é filho de Fernando Henrique, mas exames de DNA realizados em 2011 apresentaram resultado negativo.
Mirian, em entrevista ao jornal, afirma ter ficado grávida outras duas vezes em seis anos de relacionamento, e que o ex-presidente lhe pediu para fazer o aborto. “Ele pagou por dois abortos.
Eu não queria ter outro filho”.
Sobre o filho Tomás, Mirian disse que Fernando Henrique foi visitá-la “duas ou três vezes” em sua casa, e que, 15 dias depois de seu nascimento, ele também esteve com ela. “Minha mãe estava lá (em casa) quando ele foi conhecer o filho.
Ela diz, à época, ter decidido ir embora do Brasil, e que recebeu ajuda do senador Jorge Bornhausen.
De acordo com a reportagem, Mirian disse que quando Tomás fez três anos de idade, em 1994, aceitou que Fernando Henrique pagasse o colégio da criança.
Depois, quando eu já em Barcelona, não lhe foi permitida a volta ao Brasil.
Segundo ela, a pressão partia do então senador Antonio Carlos Magalhães e de seu filho, Luís Eduardo Magalhães.