Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Da Agência O Globo A vitória de Leonardo Picciani na eleição para líder do PMDB deve causar problemas para a defesa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na tramitação do processo que pede sua cassação.

Picciani deve indicar para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) Rodrigo Pacheco (MG) ou Sérgio Souza (PR), ambos adversários de Cunha.

Cabe à CCJ analisar recursos de Cunha sobre a tramitação do processo em andamento no Conselho de Ética.

Para evitar perder o comando de comissões, o presidente da Câmara tem ameaçado apoiar candidaturas avulsas.

A CCJ foi presidida em 2015 por Arthur Lira (PP-AL), aliado de Cunha.

A confiança de Cunha no sucesso de recursos seus à comissão é tamanha que sua defesa pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que paralise o processo no Conselho de Ética até que a CCJ decida sobre um recurso que pede o direito de apresentar uma nova defesa prévia devido à troca do relator no Conselho.

LEIA TAMBÉM: > Derrota de Eduardo Cunha: Dilma consegue eleger Picciani como novo líder do PMDB > Conselho voltará a se reunir na próxima semana para votar parecer contra Eduardo Cunha > Pedido de vista adia novamente análise de processo de Eduardo Cunha no Conselho de Ética Pacheco é advogado de formação, está em seu primeiro mandato e é tido por deputados da bancada mineira como um dos mais distantes de Cunha.

Souza também está no primeiro mandato, mas foi suplente de Gleisi Hoffmann (PT-PR) e ocupou o mandato de senador entre junho de 2011 e fevereiro de 2014.

O deputado paranaense até contou com o apoio do presidente da Câmara para assumir a relatoria da CPI dos Fundos de Pensão, mas recebeu recados durante as articulações da eleição de líder do PMDB que poderia ser destituído da função por Cunha caso mantivesse apoio a Picciani.

Ele ignorou a ameaça e continuou ao lado do líder reeleito.

Nas comissões temáticas, o presidente é eleito.

Apesar disso, os partidos decidem previamente qual comissão pretendem presidir de acordo com a proporcionalidade.

Geralmente, são eleitos para o cargo os indicados pelos líderes.

Aliados de Cunha ameaçam apoiar o lançamento de candidaturas avulsas nas comissões como uma forma de diminuir o poder de Picciani.

Nesse caso, deputados de outros partidos enfrentariam os indicados do líder.

CUNHA NEGA ISOLAMENTO Após a eleição, Eduardo Cunha negou que tenha saído derrotado e que esteja isolado na bancada com a vitória de Picciani. — Eu nunca estive isolado na bancada e não estou isolado.

Grande parte das pessoas que votaram no Picciani e não no Hugo Motta não são necessariamente contra mim.

Nem sempre os votos que votariam em você votam em quem você apoia.

Isso é natural e acontece muito na política.

Hoje não disputei, apoiei.

Assim como não admitiu sua derrota, Cunha afirmou que a recondução de Picciani não é uma vitória para o governo.

Segundo o presidente da Câmara, a eleição na bancada do PMDB não tem relação com o processo de impeachment. — Não muda absolutamente nada.

Cada processo é um processo.

A bancada a escolheu quem a representa nas atividades legislativa.

Não implica que a bancada optou por ser contra ou a favor do impeachment ou do governo.

Isso nunca esteve em debate.

Cunha disse ainda que o futuro da bancada do PMDB depende da forma como for conduzida e que vai colocar em votação o requerimento de convocação de Marcelo Castro (PI) - que saiu hoje do Ministério da Saúde para votar na eleição no partido - quando Castro voltar para a pasta.