Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil Da Agência O Globo O ex-presidente Lula evitou tratar das investigações que o envolvem nas operações Lava Jato e Zelotes, durante encontro do conselho do instituto que leva seu nome, nesta sexta-feira, que reuniu intelectuais, ex-ministros e aliados.

Segundo relatos, Lula direcionou o debate para a atuação da entidade em 2016 e disse que “questões relativas a ele, ele mesmo enfrenta”.

O encontro contou com a participação dos advogados Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins, que advogam para o ex-presidente nas acusações que envolvem serviços prestados por um de seus filhos e imóveis que foram reformados por empreiteiras em Atibaia (SP) e no Guarujá (SP).

Por isso, havia a expectativa de que os temas fossem tratados no encontro.

Segundo relatos dos presentes, Lula evitou que o tema fosse objeto de discussão e orientou para que o debate ficasse restrito ao papel que o instituto deve exercer neste ano, em meio à crise econômica.

O ex-presidente se reuniu com os advogados logo após o encontro do conselho, no mesmo hotel, em São Paulo.

LEIA TAMBÉM: > Dilma viaja a São Paulo para se encontrar com Lula > Lula se reúne com conselho de seu instituto em SP > Planalto e PT esperam posição de Lula sobre o sítio em Atibaia > No Recife, PT critica bloco que colocou Lula preso em jaula De acordo com pessoas que participaram do debate, a socióloga Maria Victória Benevides fez uma intervenção em solidariedade ao ex-presidente, dizendo que ataques à sua honra eram seletivos e persecutórios, com propósitos “político-eleitorais”.

Foi neste momento que Lula interveio para dizer que “questões relativas a ele, ele mesmo enfrenta”.

Um dos participantes da reunião disse que Lula tem evitado se manifestar sobre as acusações contra ele para não dar credibilidade a elas e para não aumentar a repercussão do episódio.

No último dia 26, Lula pediu que a Executiva Nacional do PT não o defendesse em um texto de análise de conjuntura, divulgado após reunião do colegiado. — Se você começar a fazer a defesa de quem não pediu, está dizendo que a pessoa precisa — afirmou um dos presentes na reunião desta sexta-feira.

Militantes do PT reclamaram, nesta sexta-feira, em redes sociais, da falta de apoio do partido na divulgação do ato de desagravo a Lula marcado para a próxima quarta-feira, na porta do Fórum da Barra Funda, em São Paulo, onde o ex-presidente deve prestar depoimento, como investigado, no inquérito que apura a compra do apartamento tríplex no Guarujá.

LULA DEFENDE RETOMADA DO CRESCIMENTO Em função das dificuldades econômicas do atual contexto, diferente da realidade de 2011, ano em que a entidade foi fundada, há expectativa de que a estrutura do Instituto Lula seja enxugada e as iniciativas voltadas para a África e América Latina percam força.

Conselheiros devem ser chamados a colaborar mais com as atividades da entidade.

Neste ano, o instituto deve se voltar para a discussão sobre questões do Brasil, inclusive com a chance de propor novos projetos para o país, seguindo o exemplo do Instituto Cidadania, que o precedeu, de acordo com o presidente da entidade, Paulo Okamotto.

Segundo relatos, em sua fala o ex-presidente defendeu a retomada do crescimento da economia e o foco no futuro como pontos fundamentais da atuação do grupo.

Okamotto negou que o espaço para novas propostas seja um risco de “governo paralelo” ao da presidente Dilma Rousseff (PT). — Não há governo paralelo, nós somos governo e nosso papel é colaborar — afirmou.

ENCONTRO COM ADVOGADOS Os advogados Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins, que defendem Lula, chegaram, no início da tarde, ao hotel, para participarem de parte da reunião do conselho e do encontro com o ex-presidente.

Amigo de longa data do ex-presidente, Teixeira é integrante do conselho do instituto de Lula desde sua criação.

Não é o caso de Cristiano Zanin Martins, que não integra o conselho e, ultimamente, tem sido porta-voz de defesa do ex-presidente em relação às acusações.

A Lava-Jato investiga se empreiteiras investigadas na operação bancaram a reforma de um sítio usado por Lula em Atibaia e de um apartamento trÍplex em edifício no Guarujá, que o ex-presidente desistiu de adquirir depois que o caso veio à tona.

Por meio de sua assessoria, Lula vem argumentando que pagaria pelas reformas no trÍplex, se o tivesse adquirido.

Ele ainda não se manifestou sobre as obras realizadas no sítio usado por ele em Atibaia.

O ex-presidente vem afirmando que o sítio é de propriedade de amigos da família e que “a tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente”.