Deputado Leonardo Picciani, hoje líder do PMDB na Câmara, tinha 10 anos em 1989 quando pediu à mãe para distribuir panfletos da campanha de Ulysses Guimarães.

Foto: José Cruz / Agência Brasil Da Agência O Globo Com seu DNA marcado pela forte presença de lideranças regionais, como o ex-presidente José Sarney (AP), e o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o PMDB vem se tornando também a morada de jovens em destaque no cenário político atual.

A particularidade deles é que, quase sempre, são herdeiros de caciques do partido, muitos fazendo política junto com os pais.

As famílias Cabral, Picciani, Cardoso e Barbalho são alguns exemplos de pais e filhos atuando juntos no PMDB.

O deputado Leonardo Picciani, hoje líder do PMDB na Câmara, tinha 10 anos em 1989 quando pediu à mãe para distribuir panfletos da campanha de Ulysses Guimarães, então candidato do PMDB à Presidência.

Toda a família, inclusive seu pai, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani, fez campanha para o pedetista Leonel Brizola naquele ano. — Sempre tive vidração (sic) grande pelo PMDB, tanto que é o único partido ao qual me filiei e disputei eleições.

O PMDB facilita a militância porque dá legenda, permite que os jovens sejam candidatos, não só os com pais no partido.

Tem essa característica de muita divergência, mas respeito pelos posicionamentos.

LEIA TAMBÉM: > Quintão retira candidatura à liderança do PMDB > Presidente do PMDB paulista é citado como integrante de esquema > Indicação de ministro fica para depois da eleição de líder do PMDB na Câmara > Michel Temer vem a Pernambuco, em giro por sua reeleição no PMDB Jorge Picciani conta que não gostou quando ouviu do filho, quase formado em Direito, que queria ser deputado federal: — Eu não queria meus filhos na política, mas foi impossível segurar.

O pessoal mais próximo de mim se entusiasmou, dizendo que era bom renovar ou viria alguém para me derrotar, e ele representou um ânimo novo.

Abri mão de redutos eleitorais para outros deputados estaduais apoiarem ele, o que dificultou a minha eleição.

Na reta final da 1ª campanha, ele era parado na rua para dar autógrafo e eu disse: ‘você vai andar comigo e ajudar o seu pai, vai puxar o velho’.

Filho do ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso, o deputado de 1º mandato Newton Cardoso Júnior cresceu brincando de carrinho entre as pernas de figurões da política mineira e olhando para uma foto de seu aniversário de 2 anos, esparramado no colo de Tancredo Neves e Magalhães Pinto.

Convocado a entrar na política para continuar o legado do pai, ele disse que nunca tinha tido interesse em enveredar por esse caminho. — Foi convencimento, não tinha interesse, mas entendi que continuar o legado faria bem para a família — afirmou, negando ser simplesmente um herdeiro do pai: — É um fenômeno mundial essa herança.

Mas não basta ser filho de alguém, tem que gastar sola de sapato.

O 1º contato com a política do ministro dos Portos Hélder Barbalho foi em 1982, quando, aos 2 anos, foi à posse do pai, o hoje senador Jader Barbalho, eleito governador do Pará.

O senador conta que foi apenas comunicado das pretensões do filho: — Não servi de muleta e nem ele pediu licença.

Até achava que devia trilhar mares mais tranquilos, mas nunca impedi.

Em 1998, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, em campanha para deputado estadual, perguntou ao filho de 7 anos que banda escolher para um showmício.

Marco Antônio Cabral, hoje secretário estadual de Esporte do governo Luiz Fernando Pezão, sugeriu: “Chama o Katinguelê”, referindo-se à banda de pagode que fazia sucesso.

Cabral acatou. — Ele me levou e gostei.

Sempre admirei o trabalho dele e isso me impulsionou.

E tive o prazer de crescer convivendo com (Francisco) Dornelles (vice-governador do Rio), meu tio por parte de mãe, conheci Lula, Fernando Henrique, Eduardo Paes e pude ouvir ensinamentos.