Foto: USP Imagens Moedas Da ABr Pela quarta vez seguida, o Banco Central (BC) não mexeu nos juros básicos da economia.

Por seis votos a dois, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve hoje (20) a taxa Selic em 14,25% ao ano.

A decisão surpreendeu os analistas, que esperavam aumento de 0,5 ponto percentual.

Os juros básicos estão neste nível desde o fim de julho.

Com a decisão do Copom, a taxa se mantém no nível de outubro de 2006.

A Selic é o principal instrumento do BC para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Oficialmente, o Conselho Monetário Nacional estabelece meta de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumulou 10,67% em 2015, a maior taxa desde 2002.

No último Relatório de Inflação, divulgado em dezembro, o BC estimou que o IPCA encerre 2016 em 6,2%.

O mercado está mais pessimista.

De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, o IPCA encerrará este ano em 7%.

Este ano, a inflação continuará pressionada pela alta do dólar, que influencia o preço dos produtos e das matérias-primas importadas.

Embora ajude no controle dos preços, o aumento da taxa Selic prejudica a economia, que atravessa o segundo ano seguido de recessão, intensificando a queda na produção e no consumo.

Segundo o boletim Focus, analistas econômicos projetam contração de 2,99% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2016.

O Relatório de Inflação do Banco Central prevê retração de 1,9%.

A taxa Selic é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia.

Ao reajustá-la para cima, o BC contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação.