O Partido Verde fez neste sábado mais etapa das caminhadas chamadas Recife Bom para Viver.

Os partidários da agremiação percorreram a microrregião 1.2, que engloba os bairros da Boa Vista, Soledade, Paissandu, Ilha do Leite, Santo Antônio, São José e Cabanga.

No final, uma saraivada de críticas a gestão socialista, mas sem citar o nome de Geraldo Julio, que busca a reeleição. “Um ligeiro retrato das impressões recolhidas pela militância mostra praças abandonadas, esgoto a céu aberto, tráfico e consumo de drogas nas vias públicas”, informou o PV.

O grupo partiu da Praça Miguel de Cervantes, na Ilha do Leite, que apresenta um bom estado de conservação graças ao suporte do Instituto de Medicina Integral professor Fernando Figueira (IMIP).

No local, Geraldo do Nascimento varria a calçada da praça.

Ao ser inquirido sobre a prática, ele informou ser pago para o trabalho por um morador do local, mas preferiu omitir quanto ganha ou quem o paga.

De lá, o grupo partiu para a Boa Vista, passando pelo Mercado da Boa Vista.

No local, os comerciantes se queixam de um esgoto que escorre em frente ao prédio que abriga o mercado, além da limpeza que requer maior atenção pelo intenso fluxo de visitantes, sobretudo aos sábados. “Considero um bairro bom para se morar.

Tranquilo nos fins de semana, próximo de tudo e com infraestrutura no entorno”, avalia o vereador do PV na Câmara Municipal do Recife, Eurico Freire. “Um pouco mais adiante, o Pátio de Santa Cruz se revela um local com potencial turístico e cultural, com vocação para a vida boêmia.

Entretanto, a área precisa de segurança.

Um dono de bar local que preferiu não se identificar revelou que o tráfico de drogas é intenso na região”.

Para Carlos Augusto, presidente estadual da legenda, para alavancar o local é preciso ampliar o espaço para as pessoas caminharem, além de reforço na segurança. “É preciso reduzir o impacto dos carros nos sítios históricos”, afirma, mas admite: “É uma mudança cultural de mentalidade em priorizar as pessoas em detrimento dos automóveis”.

Se no entorno da igreja de Santa Cruz as ações de cidadania e gestão pública ainda podem ser melhoradas, na Praça Maciel Pinheiro elas se fazem urgente. “A praça onde Clarice Lispector viveu parte de sua vida no Recife está degradada”, diz Carlos Augusto.

A fonte está seca e segundo informações de moradores foi a Prefeitura do Recife que resolveu desliga-la porque os moradores de rua tomavam banho nela. “Ao invés de aumentar a fiscalização, prefere-se mexer em algo que era lúdico aos olhos e reduzia o calor”, ironiza Carlos Augusto. “O que restou no fundo do fosso foi água parada formando um local perfeito para a proliferação de larvas de mosquitos”.

Segundo Oséas Borba, produtor cultural, morador do bairro um e um dos organizadores do Movimento Teatro do Parque, a partir das 17h a ‘Praça de Clarice’ transforma-se num reduto para consumo de crack. “Havia um posto da PM que foi retirado após a greve e nunca mais reaberto”, disse. “A praça parece relegada ao abandono, com mau cheiro, uma quantidade pombos acima do seguro, água empoçada e moradores de rua largados em bancos com roupas penduradas em varais improvisados”.

Ali perto, o Teatro do Parque permanece de portas fechadas à população, que perdeu um dos equipamentos culturais mais acessíveis no Centro.

A caminhada seguiu pelas ruas Nova e Imperatriz, onde muitas lojas se encontram fechadas não apenas pela crise em si, mas pela falta de segurança no entorno, como apontaram alguns dos comerciantes.

Em São José, a limpeza no entorno do mercado mais famoso da cidade deixa bastante a desejar e a área é alvo constante de criminalidade e do uso de drogas, comprometendo o potencial econômico e turístico da região.