Liba na sua casa, a Câmara: dizia em discursos que tinha uma amante da vida toda: a cidade do Recife.
Charge: Miguel Por Marcela Balbino do Jornal do Commercio Nem mesmo o passar dos anos foi capaz de tirar do ex-vereador Liberato Costa Júnior (PMDB), o velho Liba, a intensidade de viver a fundo a política. “Alô, Recife”, dizia o então candidato em suas inserções no guia eleitoral.
O bordão virou marca registrada do vereador recordista de mandatos na Casa José Mariano.
Foram dez eleições consecutivas em que saiu vitorioso.
Liberato faleceu, ontem, aos 97 anos, de parada cardiorrespiratória.
LEIA MAIS: » Ex-vereador Liberato Costa Júnior morre no Recife » Tucanos lamentam morte de ex-vereador Liberato Costa Júnior » Vereadores do Recife falam sobre perda de Liberato Costa Júnior A lucidez era a principal característica destacada entre os pares.
Observador atento das costuras políticas, o peemedebista mantinha-se ativo nas análises e era, frequentemente, procurado por lideranças do Estado em busca de conselhos e apoio.
Forjado na política desde a década de 50, o peemedebista era considerado memória viva da história do Recife e acompanhou de perto as principais transformações da capital no último meio século.
Atingido pela repressão da ditadura militar, o político teve o mandato de deputado estadual cassado.
Seu currículo carrega ainda uma curta passagem pela Prefeitura do Recife, em 1963, quando, na condição de presidente da Câmara, substituiu Miguel Arraes, eleito governador. » Políticos lamentam falecimento de Liberato Costa Júnior Nas eleições de 2008, Liberato perdeu a disputa nas urnas, mas permaneceu com mandato até 2012, após entrar como suplente do vereador Gustavo Negromonte.
Encerrado o período como legislador, criou-se um cargo para acomodá-lo na Casa José Mariano e ele atuou como assessor especial da Comissão Executiva da Câmara do Recife, no gabinete do vereador Vicente André Gomes. » Jarbas, Humberto Costa e FBC ressaltam trajetória política de Liberato Costa Júnior Sem nunca afastar-se do seu reduto eleitoral, Liba morava no Hipódromo, Zona Norte do Recife, e fazia política na vizinhança.
O político autodenominava-se um “municipalista nato”.
Pouco afeito a caminhadas ou carreatas, ele tinha como principais armas os encontros com pequenos grupos. “Não acho que a propaganda influa muito nas eleições para vereador.
O segredo é a presença nas comunidades e as visitas constantes aos amigos”, dizia Liba, em 2004, quando foi reeleito para o 10º mandato. » Familiares e amigos de Liberato Costa Júnior prestam homenagem em frente à casa Entre as perdas deixadas pelo político está o famoso Dataliba, prognóstico que fazia desde 1988.
Baseado em cálculos, probabilidades e observação política, o ex-vereador apontava os favoritos para as vagas proporcionais e arriscava, inclusive, palpites na majoritária. » Alô Recife, Liberato Costa Júnior não está mais entre nós Em 2014, último levantamento, ele acertou 47 dos 49 deputados estaduais eleitos.
Para a Câmara dos Deputados, o palpite atingiu em cheio todos os 25 nomes que compõem a bancada. » Geraldo Julio decreta luto de três dias no Recife devido à morte de Liberato Costa Júnior Em 2012, a Assembleia Legislativa de Pernambuco devolveu simbolicamente o mandato de deputado cassado.
Apreciador do Carnaval, a atuação do velho Liba lhe rendeu, ainda, homenagens pela escola de samba Vila Escailabe, de Casa Amarela.
Ele deixou duas filhas e sete netos.
Viúvo, ele brincava ao dizer que tinha uma amante da vida toda: a cidade do Recife.