Por Luciano Siqueira, especial para o Blog de Jamildo Tal como sensação de insegurança, que em geral é bem maior do que a insegurança em si – advertem os especialistas -, a cobertura midiática da crise econômica – “mau humorada”, no dizer de conhecido analista – provoca um pessimismo bem acima do limite da realidade concreta.

Um mau humor seletivo, diga-se.

Pois basta que um indicador qualquer relativo à economia norte-americana se mostre positivo, logo se alardeia a superação (sic) da crise global, que se arrasta desde 2008 e agora também afeta duramente os países emergentes, como o Brasil.

Já diante de qualquer dado negativo a respeito de nossa economia, ainda que sem maior importância para o conjunto da obra, logo se proclama a inexorável inviabilidade do País!

Hoje cedo, a comentarista de economia da Globo, Miriam Leitão, sempre presa ao imediato e avessa a qualquer abordagem de longo prazo, pôs em dúvida a própria sobrevivência da Petrobras – a maior empresa produtora de capital aberto do setor, no mundo -, em razão das dificuldades conjunturais por que passa, inclusive em razão da queda do preço internacional do barril de petróleo.

Nesse contexto, merece atenção o artigo “A reversão da crise está à vista”, de Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro nos governos Sarney e FHC, publicado ontem na Folha de S.

Paulo.

Bresser questiona o sentido das manifestações de junho de 2013, em cujo cerne “não está a luta dos trabalhadores para conquistar mais direitos, mas a de rentistas e de seus economistas ortodoxos para reduzi-los” e aponta como pivô da crise o déficit em conta-corrente e o câmbio apreciado, que só nas crises se trona competitivo.

Diz-se otimista, assinalando que “a previsão das consultorias econômicas – 2,8% de queda do PIB em 2016 – ignora que o mercado promoveu o ajuste fundamental, o equilíbrio competitivo que estimo ser R$ 3,80 por dólar”.

Considera sinais positivos o elevado superávit comercial de 2015 e a participação dos manufaturados, que de 35,6% em 2014, subiu para 38,1% do total de exportações.

E arremata: “Podemos pensar em um novo grande ciclo de desenvolvimento?

Podemos reindustrializar e crescer 3% ao ano per capita, no lugar do 1% a que estamos reduzidos desde 1990?

Podemos, assim, pacificar o país?

Isso é possível, mas só se materializará se o governo, além de fazer reformas, como a da Previdência, revelar-se capaz de discutir com a sociedade uma nova política que mantenha a taxa de câmbio real flutuando em torno do equilíbrio competitivo nos próximos anos.” Se a essas considerações acrescentarmos o ousado plano de investimentos – via parceria estatal-privada – em infraestrutura, que poderão alavancar a produção industrial, já anunciado pelo governo, bem que o ex-ministro tem mesmo motivos para otimismo.

O Brasil é muito maior do que a crise.