Foto: Alu’zio Arruda/Acervo JC Imagem Por Fernando Castilho Liberato Costa Júnior era uma dessas pessoas que se não tivesse subido para o andar cima como o fez nesta quarta-feira 13 de janeiro, deveria virar patrimônio imaterial do Recife.
Porque Liberato era sinônimo de Recife.
Pelo que fez pela cidade como vereador, pelo que fez pelo PMDB ou pelo antigo MDB, pelo que organizou em termos de legislação urbana para a cidade.
Liberato em todos os planos desde Augusto Lucena até João da Costa era o cara de organizava as coisas.
E sempre pensando na cidade.
Na sua Recife. É importante esse registro porque o Velho Liba mandava da Câmara (e como ela mandava), mas sempre no sentido de pensar o Recife dos próximos anos. É preciso esclarecer que Liberato ouvia gente da estirpe de Aloísio Magalhães, Jorge Martins, Pelópidas Silveira, Abelardo da Hora e de Artur Lima Cavalcanti para não falar dos mais novos.
Quer saber da importância de Liberato para um prefeito pergunta a Gustavo Krause e Joaquim Francisco e João Paulo?
Liberato teve papel importantíssimo na aprovação da última grande modificação no Plano Diretor antes da lei dos 12 bairros e foi graças e lei que a cidade incorporou uma série de avanços em termos de legislação urbana.
E foi sem ele articulando que a cidade vem perdendo essa capacidade.
A figura de Liberato tornou-se referência na Câmara pela simpatia com as pessoas, seja pela capacidade de se articular contra ou a favor do prefeito.
E a Câmara passou a ter menos importância desde que ele deixou de articular em favor da cidade.
As mocinhas sempre amavam o velhinho de cabeça branca que não abria mão de beijinhos nos cumprimentos, mas dezenas de vereadores cortavam um dobrado quando bateram de frente com ele.
E mesmo antes de Inaldo Sampaio e Ciro Carlos Rocha inventaram o Instituto de Pesquisas Eleitorais Liberato Costa Junior, ou o DataLiba, ele já sabia quem iria entrar e os novados.
Os “sofisticados estudos” que ele propalava entes das eleições eram, na verdade, uma profunda capacidade de saber quem eram os cabos eleitorais que estavam com quem.
Se não acertava em todos errava em poucos.
E Liberato arranjou muito desafetos que perderam a eleição confirmando suas pesquisas O que é interessante observar na carreira de Liberato é que ele era uma liderança urbana referenciada pelos bairros da Zona Norte de onde nunca saiu e aonde sempre morou numa casa simples, a mesma onde morreu criando seus passarinhos.
Ou tomando conta de viveiros de peixe perto da Ilha de Deus nas margens do Capibaribe onde todo ano despescava na semana da Pascoa para distribui-os com seus amigos e…
Eleitores fiéis.
Aliás, é bom lembrar Liberato não tinha eleitor, tinha seguidor.
Gente que votava nele em todas as eleições e em quem ele mandasse.
E isso valia para estadual, federal e senador.
Sua partida neste janeiro de chuva e nessa tarde nublada deixa a cidade mais triste.
Assim como deixou sem graça a última campanha para vereador quando decidiu sair de cena.
Esse horário político tinha ficado muito chato sem aquele bordão Alo Recife.
Agora a frase é apenas uma lembrança.
E isso dá uma saudade…