Por Luciano Siqueira Diz-se sempre que o ano só começa pra valer após o Carnaval.

Faz sentido - particularmente em nossas cidades litorâneas, onde se mesclam o calor do verão e as prévias de Momo.

Vale também para a política, mas até certo ponto. É ano eleitoral e todas as forças em presença cuidam de acelerar os preparativos para o pleito.

Como se sabe, eleições municipais são um fato político essencialmente local - seja pelo arranjo das alianças, frequentemente destoantes das composições nacionais, seja na atenção do eleitor, que mira, sobretudo a figura do prefeito, a que associa principalmente à capacidade de cuidar da cidade.

Porém é evidente que o pleito de outubro servirá de ante sala para as eleições gerais de 2018.

A robustez conquistada agora em grande medida determinará os projetos vindouros.

Nesse contexto, toda candidatura é legítima.

Nenhum partido há de se sentir irremediavelmente preso às composições atuais.

O mundo gira, as relações entre as correntes políticas se movem, feito placas tectônicas.

O repouso é relativo, o movimento é a absoluto, aprendemos da dialética.

Especialmente nas capitais e cidades grandes e médias, é natural e compreensível a disputa pelo poder local e a formação de bancadas de vereadores.

Partidos hoje menos cotados poderão se fortalecer bastante para a batalha futura.

Isto não quer dizer, entretanto, que as démarches entre atuais e hipotéticos aliados ocorram sem critérios, pondo-se de lado o que se vem construindo conjuntamente, no âmbito local; nem rejeitando alternativas de rearrumação de alianças, que devem ser encarnadas naturalmente, sem estreiteza nem sectarismo, preservando-se a coerência.

Mas um fio condutor há que permear as conversações (que tendem a se intensificar desde já): a apresentação de propostas programáticas atualizadas para a cidade. É o que dará conteúdo às alianças, seja no campo progressista, seja no campo conservador.

Para que as composições não se façam desprovidas de compromissos claros, consistentes e factíveis.