Por Michel Zaidan, em artigo enviado ao Blog de Jamildo Foi solicitado que se fizesse uma análise do ano político de 2015 e, se possível, algumas projeções para o ano de 2016.
A primeira coisa a dizer é que o ano começou em 2014, ou seja, na campanha eleitoral de 2014.
E segundo, o ano não acabou.
Com ou sem recesso do Poder Legislativo, por causa da votação da LDO e do processo do “Impeachment”, o fato é prolongamos a agonia política e a incerteza econômica para dentro de 2016, com todas as consequências sociais, políticas e econômicas que essa constatação traz consigo.
O primeiro ano do segundo mandato da Presidente Dilma Rousseff foi um cabo de guerra com o presidente da Câmara dos Deputados, com os partidos de Oposição no Congresso e, pasmem, com os próprios aliados.
Ou seja, a presidente teve sua agenda de governo ditada pelos adversários e mesmo assim não conseguiu o apoio que precisava para aprová-la.
A começar do ex-presidente Lula, alijado da equipe de governo, desde o primeiro momento.
A presidente sem os traquejos e meneios típicos de um bom articulador político, sem articulador político, e com um Congresso hostil a si, só podia produzir uma situação de impasse permanente, alimentado pelo revanchismo daqueles que nunca se conformaram com a derrota nas eleições de 2014.
A aliança com partidos como PTB, PR, PMDB, PRB teria que produzir os frutos nefastos que, cedo ou tarde, apareceriam: defecções, traições, chantagem, desagregação partidária e derrotas, muitas derrotas no Congresso.
Nunca o tal “Presidencialismo de coalização” se mostrou tão fraco e duvidoso, como nessa legislatura.
Talvez tenha alcançado o seu limite de validade; e os partidos não se deram conta disso.
Aliado ao fato da péssima qualidade da composição atual do Legislativo: 75 evangélicos, 27 partidos, e uma aliança com mais de 10.
Resultado: alto grau de fragmentação política e uma dificuldade ainda maior de se obter uma maioria parlamentar.
Dificuldade com a progressiva desagregação da base aliada da presidente, incluindo aí os membros do próprio partido do governo.
A frente econômica atuou como um agravante da crise política, sendo por ela também retroalimentada.
Se a presidente gozasse do apoio dos agentes econômicos (internos e externos), um céu de brigadeiro no ambiente externo e uma alavancagem do setor privado através de subsídios, créditos facilitados e renúncia fiscal, haveria quase uma unanimidade em torno dela.
Infelizmente, as conseqüências da política anti-cíclica adotada por ela no primeiro mandato contribuíram muito para acabar com o otimismo e as expectativas desse setor, que, de aliado - no primeiro mandato - passou à oposição.
O presidente da FIESP, Paulo Skaf, declarou o seu apoio ao processo de impeachment.
O pacote fiscal preparado para o enfrentamento da crise, bem como os ministros da área econômica, aumentando impostos, cortando direitos e benefícios, alongando o prazo para o gozo da aposentadoria produziram um efeito paradoxal: recessão e inflação.
E uma alta taxa de juros, comemorada pelos setores especulativos e rentistas da economia brasileira.
Quase nenhuma medida desse pacote mexeu com os privilégios e ganhos do andar de cima.
Enquanto os eleitores da Dilma tiveram que arcar com o custo do ajuste. É preciso dizer também que o início do processo de impeachment ajudou a piorar a situação dos indicadores econômicos do país, lançando uma dúvida no horizonte da economia brasileira.
Sem apoio político, a presidente teria condições de enfrentar a crise?